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FEIRA PELA ALFABETIZAÇÃO

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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Secretaria de Educação encerra o Setembro Surdo com ações de inclusão e valorização da cultura surda

 

Em Feira de Santana, a programação intensificou as ações que acontecem em todo o país

O Centro de Educação Inclusiva Colbert Martins da Silva realizou, nesta terça-feira (30), a culminância das atividades do Setembro Surdo, mês dedicado à valorização da cultura e da identidade surda. Em Feira de Santana, a programação intensificou as ações que acontecem em todo o país, com o objetivo de promover sensibilização, inclusão e afirmação do movimento surdo.

O auditório do equipamento municipal, mantido pela Secretaria de Educação, foi palco de uma roda de conversa que reuniu pais, professores e intérpretes de Libras. O encontro contou com a participação da psicóloga Shirley Marques, da professora e mãe de surdo Adriana Luz, e da intérprete de Libras e coda (filha de pais surdos) Júlia Cruz.

Entre os depoimentos emocionantes da roda de conversa, esteve o da intérprete Júlia Cruz, que relatou como cresceu mediando a comunicação dos pais surdos com a sociedade.

“Aprender Libras foi uma forma de conversar com minha mãe e meu pai, de ajudá-los em situações do dia a dia. Hoje, ser intérprete é também uma forma de reparar uma realidade que eles não tiveram, de garantir aos estudantes surdos oportunidades que foram negadas no passado”, contou.

A professora Adriana Luz, mãe de Davi, de 10 anos, também compartilhou sua trajetória. “A gestação dos meus filhos foi tranquila, e como a irmã gêmea de Davi nasceu ouvinte, a notícia da surdez foi um choque. Tentamos o implante coclear duas vezes, mas não deu certo. Só quando conhecemos a Libras passamos a nos comunicar de verdade. Foi como abrir uma nova porta: a relação da família mudou, a convivência ficou mais leve e afetuosa. Hoje, todos nós estamos aprendendo Libras, e isso nos permite entender os sentimentos e desejos do meu filho. É uma descoberta maravilhosa, que transformou nossa forma de estar juntos”, relatou emocionada.

Para a coordenadora do Núcleo de Surdez e Deficiência Visual, Meiry Pires Costa, a data é um momento de dar visibilidade às conquistas da comunidade surda. “Esse momento é extremamente importante, porque marca uma luta que não é pontual, mas constante. O surdo precisa ser reconhecido como sujeito de direitos, e a sua língua, a Libras, deve ser respeitada em todos os espaços, da escola à família, dos hospitais à comunidade”, destacou.

A diretora do Centro, Isabela Carvalho, reforçou que o Setembro Surdo é um convite à reflexão. “A surdez não é limitação, mas identidade e cultura. O que atrapalha é a falta de acessibilidade. Este é um dia para pensar, refletir e fortalecer a luta por inclusão e respeito. Uma sociedade justa se constrói com acessibilidade, reconhecimento e diálogo”, disse.

O evento também destacou a mudança da nomenclatura de Setembro Azul para Setembro Surdo, como explicou a intérprete Elisângela Vasconcelos, do Núcleo de Surdez e Deficiência Visual.

Música em Libras e emoção

A culminância contou com a apresentação das mães de crianças atendidas pelo Centro, que interpretaram em Libras a canção Dias Melhores, da banda Jota Quest. O momento envolveu a plateia, que acompanhou a performance com sinais. Os ensaios ocorreram pelo projeto oficina de Libras, realizado durante o tempo em que mães e acompanhantes aguardam os alunos nos atendimentos individuais.

Para uma das mães que participaram da apresentação, a lavradora Vânia Letícia Tosta, mãe de um estudante com TDAH acompanhado há quase dois anos, a experiência foi transformadora.

“Participei da oficina de Libras oferecida pelo Centro e, hoje, posso me comunicar melhor até nas situações mais simples, como dar um bom dia. Apresentar no palco foi desafiador, mas também uma superação pessoal. Estou amando aprender uma nova língua”, contou emocionada.

Mais que um mês

Entre os dias 22 e 30 de setembro, o Centro promoveu atividades como jogos adaptados, oficinas e vivências em Libras abertas às famílias. Segundo a coordenação, o trabalho vai além da data comemorativa e segue como compromisso diário de inclusão.

Inclusão desde a matrícula

Em Feira de Santana, 26 estudantes surdos e 56 com deficiência auditiva estão matriculados na rede municipal de ensino e fazem acompanhamento especializado no Centro Municipal de Educação Inclusiva. O processo de inclusão do estudante surdo começa ainda na matrícula. O aluno é encaminhado ao Centro de Inclusão, onde recebe acompanhamento no Atendimento Educacional Especializado (AEE), com aulas de Libras (L1) e Língua Portuguesa escrita (L2), visando à formação bilíngue.

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