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terça-feira, 5 de junho de 2018

No Box 80 do Mercado de Arte, dona Nenzinha fidelizou sua clientela


Sentada num tamborete, dona Nenzinha (foto) se acomoda em frente a uma máquina industrial. Posiciona o tecido e com as mãos vai deslizando-o sobre a mesa, enquanto toca delicadamente o pé no pedal, que faz a máquina movimentar. Diz que tem mais uma encomenda de saias e batas para entregar e que sua clientela valoriza o corte e pequenos detalhes.
Há mais de trinta anos trabalhando no Mercado de Arte Popular, dona Nenzinha, que leva o nome de batismo Ivanilde Marques de Oliveira, relata que há cinco anos descobriu que confeccionar roupas para atender os adeptos das religiões de matriz africana era uma saída para driblar a crise econômica.
E não lhe faltam clientes. O box Artesanato Marques, de número 80, está sempre movimentado. “Fico admirada: o que eu faço vendo. O negócio é usar a cabeça e trabalhar”, diz a senhora de 81 anos, que iniciou sua história no MAP vendendo couro.
“Eu já vendi de tudo: couro, roupa indiana, pano de prato bordado e roupas feitas por mim. Hoje, graças a Deus, fidelizei uma boa e variada clientela de Feira e aqueles que chegam aqui somente para comprar minhas peças”, aponta atribuindo à qualidade dos materiais utilizados e destacando que é a única no MAP que vende roupas para o povo de santo, com as cores e adereços que representam os orixás.
“Não paro um só minuto e quando estou trabalhando não tem tempo ruim. Meus clientes são muito variados. Tem vezes que estão uma mãe de santo e um evangélico aqui, e não há problema. O que importa é o respeito”, considera ela que afirma ser católica e ter irmãos protestantes.
Detalhes nas peças
Para atender a essa demanda, a costureira acrescenta que foi preciso se aprofundar no novo segmento para entender as exigências dos seus clientes e saber usar a criatividade para cativa-los. Nas roupas há sempre detalhes, como apliques de flores de panos e bordados, além do jogo de cores com mais de um tecido. Alguns cortes têm que ser volantes e duplos.
“Geralmente essas roupas são encontradas por aí com panos mais grossos. Eu busquei inovar com tecidos diferentes, como o tule e o cetim de ceda, que deixam a roupa mais leve e confortável”, explica observando que “o negócio é tentar e o povo aceitar. É jogar com a cabeça”.
Elogios a cada nova encomenda
Clotildes Maria Trajano (foto), filha de santo, é cliente de dona Nenzinha há um ano e meio. “Ela costura muito bem e com amor. Suas roupas são maravilhosas e eu prezo pela qualidade”, comenta ao fazer mais uma encomenda.
Freguesa de dona Nenzinha há mais de vinte anos, a comerciante Helena dos Santos sempre vai ao Box 80. “Gosto do corte das roupas e a dedicação que ela tem para costurar. Os vestidos e saias soltinhos confeccionados por ela são imbatíveis”, elogia mostrando a saia de lastex - fio elástico que serve para franzir o tecido e dá elasticidade - que usava.

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