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domingo, 14 de agosto de 2011

Festa da Boa Morte agita o Recôncavo Baiano até quarta-feira


A Festa da Boa Morte, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, começa neste sábado (13) e segue com festividades até a próxima quarta-feira (17). A devoção a Nossa Senhora une 23 mulheres que fazem parte de uma confraria, todas têm mais de 40 anos. A festa dura cinco dias e em 2010, foi reconhecida pelo Governo do Estado como Patrimônio Imaterial da Bahia.

A tradição da festa começou em 1820. A irmandade é composta por mulheres descendentes de escravos africanos e teve início em Salvador, atrás da Igreja da Barroquinha. Era ali que elas praticavam seus rituais. Após serem expulsas da localidades, elas seguiram para o Recôncavo Baiano e assim, se instalaram em Cachoeira.

“A festa da Boa Morte é muito importante para nós negros e para a comunidade também, porque é uma história da senzala, de resistência muito valiosa e hoje ela é reconhecida”, diz Mãe Delinha, ekede do Terreiro Raiz de Ayrá e há 15 anos, integrante da irmandade.

O doutor em História Social e em História da Cultura Negra, Jaime Sodré, diz que a irmandade da Boa Morte possui muitos elementos importantes para a cultura baiana e negra. “Um dos aspectos importantes da festa da Boa Morte é chamar a atenção da condição de mulheres porque elas se organizaram em um período histórico bem difícil para isso. Elas tinham como objetivo se organizar financeiramente para libertar os irmãos escravos, de modo geral, libertar as pessoas mais velhas e ligadas a elas naquela época”, diz.
 O secretário de Cultura e Turismo de Cachoeira, Lourival Trindade conta a importância da festa para a história do Brasil. “A irmandade tem um significado especial para a história de Cachoeira e do Brasil. A irmandade tem um significado de fé, força e resistência. Eles trabalharam para liberar os outros irmãos, então isso deve ser sempre valorizado. Hoje em dias elas têm o reconhecimento do Estado, como Patrimônio Imaterial”.

Hierarquia

Para integrar a irmandade as mulheres precisam ter mais de 40 anos e serem ligadas a uma casa de candomblé, que pode ser da linha Ketu, Gegê ou Nagô. Ao serem aceitas, as irmãs passam por um ‘estágio’ de quatro anos.

Dentro dos seus 23 membros, a Irmandade da Boa Morte possui no topo da administração e hierarquia a Juíza Perpétua.

A seguir situam-se os cargos de Procuradora-Geral, Provedora, Tesoureira e Escrivã, estando a Procuradora à frente das atividades executivas religiosas e profanas.

Confira a programação

Os festejos para Nossa Senhora da Boa Morte iniciam-se neste sábado (13) e seguem até quarta-feira (17). A festa começa com a missa e apresentação de canto coral, no sábado (13). Ás 18h ocorre a procissão das irmãs da Boa Morte pelas ruas de Cachoeira levando a imagem de Nossa Senhora da Igreja d’Ajuda e até a capela da Boa Morte.
 No domingo (14), as irmãs da Irmandade da Boa Morte realizam outra procissão pelas ruas da cidade, desta vez às 19h, para simbolizar o enterro de Nossa Senhora. A caminhada é acompanhada por filarmônicas que tocam marchas fúnebres. Na segunda-feira (15), a festa é comemorada com missa festiva realizada às 8h e uma grande feijoada. Na terça-feira (16) a festa continua com samba-de-roda e a oferta de escaldado de carnes, verduras e pirão, a partir das 18h. Para fechar as comemorações, a quarta (17) terá muito samba e distribuição de caruru e mungunzá, no mesmo horário.

Informações do G1 e fotos do Ipac

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