Um sorriso aberto no rosto cheio de inocência e alegria. Quem vê pela primeira vez Davi Luca Casaes Silva não imagina que por trás deste semblante esconde-se uma criança cheia de força que luta todos os dias pela vida. Aos cinco anos, Davi enfrenta a osteogênese imperfeita, doença dos ossos de origem genética, normalmente conhecida como ossos de vidro, que exige inúmeros cuidados com seu corpo.
Na tarde desta segunda-feira, 9, primeiro dia letivo de 2015, Davi, que é aluno da Rede Municipal de Ensino, recebeu uma cadeira de rodas totalmente adaptada que lhe proporcionará mais cômodas condições de frequentar uma escola pública, minimizando consideravelmente suas limitações. A secretária de Educação, Jayana Ribeiro, fez pessoalmente a entrega do equipamento que deverá ser o primeiro entre vários a beneficiar os alunos da Rede.
A cadeira de rodas custou R$ 5.482,90. É feita em liga de alumínio aeronáutico temperado com rolamentos blindados nas quatro rodas e possui eixos de aço reforçados; dentre as dezenas de outras especificações, a cadeira tem ainda estrutura dobrável, poltrona com encosto reclinável em três posições, contenções laterais de tronco, quadril e perna, de espuma injetada de alta densidade, facilmente ajustáveis, apoio de cabeça com regulagens de altura, ângulo e profundidade, além de cintos em algumas partes do corpo. Também foi feita uma adequação postural para o próprio Davi.
Na Escola Básica da UEFS, unidade mantida através de convênio entre a Universidade Estadual de Feira de Santana e a Prefeitura, gestores, professores e colegas acompanharam de perto e vibraram com a alegria da criança.
Antes, o aluno se acomodava em pequenas cadeiras plásticas que eram inadequadas para seu corpo e dificultavam seu acesso à mesa de escrever, entre outros problemas. Desde que nasceu, Davi já sofreu 13 fraturas em distintos ossos; em duas ocasiões as lesões aconteceram na própria escola. Característica típica da doença, qualquer descuido pode resultar em dias de imobilização. "Da última vez, em novembro do ano passado, ele fraturou um fêmur. Nestas situações é bem mais difícil cuidar dele por que seu corpo exige uma série de cuidados", conta Dionir Oliveira Medeiros Casaes, mãe da criança.
Num dos acidentes já verificados na escola, um coleguinha se desequilibrou durante o recreio e tentou sustentar o corpo em Davi, motivo suficiente para uma nova fratura. As professoras que acompanham seu desenvolvimento cognitivo explicam que a nova cadeira vai garantir ao aluno "as melhores condições de adaptação para a sala de aula. Antes, da forma como o acomodávamos, ele não alcançava a mesa para escrever. É um sonho vê-lo adaptado, podendo escrever na mesa da própria cadeira que está totalmente condicionada para o corpo dele", avalia a professora da Sala de Recursos, Flávia Andrade Brito. "Ver o desenvolvimento desta criança, ver que aos cinco anos já sabe ler e escrever, não importando as limitações da doença, é ter a certeza da realização da nossa função na escola", avalia Flávia.
Dentre os professores, ninguém tem dúvida do desenvolvimento intelectual e cognitivo de Davi, deixando claro que ele superou todas as restrições consequentes da enfermidade. "Ele é extremamente inteligente, sempre foi muito alegre, mesmo com a adaptação nunca veio triste para a escola. É claro que ao favorecer o seu crescimento intelectual estamos certos de que ainda vamos nos surpreender ainda mais com o desenvolvimento desta criança", diz Jane Kelly Galvão Leal. Ao todo, as professoras atendem a 45 crianças com algum tipo de deficiência na Sala de Recursos da Escola Básica da UEFS.
Dionir Medeiros Casaes lembra emocionada das condições anteriores para tentar garantir um assento adequado para o filho na sala de aula. "Ele já teve um cadeira de rodas, mas não tinha cinto, não era adequada para o tamanho dele nem tinha o apoio os pés, que tinham que ficar acima do assento, causava muito desconforto. Em casa, ele escrevia sentado no chão e apoiado num degrau da escada", relata a mãe.
"Esta nova cadeira é uma conquista e mostra que quando se quer fazer o bem é totalmente possível. Meu filho nunca deixou de se desenvolver por causa da doença, ele até nos comove por sua capacidade de superar todas as dificuldades, é a nossa alegria diária", comemora Dionir Medeiros Casaes.
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