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terça-feira, 22 de agosto de 2017

A Ação Integralista Brasileira, em Feira, e os "Galinhas Verdes"

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Esta semana destacamos “Galinhas Verdes”, crônica de Antônio Moreira Ferreira, encontrada no livro “A Feira na Década de 30”, publicado em 2004. Vale a pena ler de novo (Adilson Simas).
Já tive a oportunidade de dizer que escrevo crônicas sobre acontecimentos em Feira de Santana na década de 30, sem qualquer pretensão de fazer história. Não sou estudioso ou pesquisador dos assuntos.
Apenas testemunha ocular do que conto e quase sempre estou esquecendo nomes, o que me obriga a recorrer às privilegiadas memórias de amigos como Niá Magalhães, Renato Motta e José Froes da Motta.
Hoje estive recordando os idos de 32 a 37 quando Plínio Salgado e outros políticos criaram a “Ação Integralista Brasileira”, uma versão do Nazismo alemão e do Fascismo Italiano, com o apoio do Presidente Vargas que não era muito chegado aos Comunistas no outro extremo político.
Aqui em Feira o Dr. Joventino Pitombo, Sílio Soledade e outras pessoas de destaque assumiram a liderança e começaram a organizar o partido: inscrição dos adeptos com ficha completa, aquisição de farda (sapato e gravata pretos, calça branca e camisa verde com uma insígnia (um E ao contrário), no braço a exemplo dos Nazistas).
Durante os fim de semana havia treinamento de “ordem unida” onde aprendiam a marchar, fazer manobras e principalmente a fazer a saudação – braço direito em horizontal para frente, mão espalmada voltada para baixo e a saudação (em voz alta: ANAUÊ PELO BRASIL!!!)
Aos domingos promoviam festas que acabavam com desfile e “anauês”. Nos feriados era grande a disputa por melhor colocação e destaque no cortejo.
Deles havia os que usavam a farda durante todos os dias da semana pelo simples orgulho de ser Integralista.
Mas os adversários políticos logo lhes deram o famoso apelido de “Galinhas Verdes”. Os mais ignorantes estavam sempre dispostos a responder com impropérios quando provocados pelo apelido.
Em 1937 Getúlio Vargas, que os tinha como aliados, passou-lhes uma “rasteira”. De posse de todos os fichários com os nomes e endereços dos Integralistas do Brasil, com uma ação de longo alcance e extrema rapidez, em uma só noite mandou fechar todas as sedes e prender, em suas residências, todos os Integralistas fichados.
Aqui em Feira muitos carros ocuparam a Cidade, silenciosamente, a partir das 22 horas e às 4 da manhã estavam todos presos.
À medida que efetuavam as prisões a Cidade ia acordando e às 4 horas as ruas estavam tão movimentadas como se fosse dia de festa, com uma tragicomédia pública: famílias em desespero, muita incerteza dos destinos dos presos e muitos boatos.
Arthur Bostoque, por exemplo, bêbado inveterado que fora rejeitado pelos Integralistas, gritava na frente da Cadeia:
- “Venham ver, as galinhas verdes agora estão no poleiro... viraram periquitos verdes e estão na gaiola...”
Ao meio dia meu pai deu-nos as explicações daquele movimento político que ia da “Intentona Comunista” aos partidos da Alemanha e Itália. A uma pergunta de um dos seus filhos ele respondeu:
- Integralismo, Fascismo, Nazismo, Comunismo, tudo que termina em ISMO, é a mesma porcaria.
A minha irmã que se preparava para a Primeira Comunhão, inocentemente, perguntou:
- Catecismo também?

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