Orkestra Rumpilezz
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A mistura de instrumentos de sopro e percussão é apenas uma, entre as muitas inovações da Orkestra Rumpilezz, que na noite deste domingo, 14, manteve o clima de empolgação na Praça da Matriz do início ao fim, na quinta noite do Natal Encantado. A cadência do samba, a harmonia do jazz, a batida forte da música de matriz africana e a regência impecável de Letieres Leite. E eis o grande espetáculo.
Vestidos de branco, ao invés do tradicional figurino preto, os músicos foram recebidos no palco ao som de atabaques, instrumentos cujos nomes no candomblé aglutinados denominam a orquestra: rum, rumpi, lé, com as últimas letras da palavra jazz. Como o próprio nome sugere, a principal característica do grupo é mistura de ritmos aparentemente distantes entre si. Só aparentemente.
Com um repertório que incluiu composições de Ari Barroso (Baixa dos Sapateiros) e Dorival Caymmi (Noite de Temporal), este homenageado pela orquestra, o concerto atingiu seu ponto alto com a música ancestral Floresta Azul, feita para Odé, representado no Candomblé pelo orixá Oxossi e na Igreja Católica por São Jorge. Sucessos do jazz garantiram um brilho ainda maior à apresentação.
“Diferente e lindo”, resumiu a professora Selma Aguiar, do Sobradinho, que mesmo já tendo visto a orquestra no ano passado, se emocionou do mesmo jeito de quem assistiu pela primeira vez, como o aposentado Jolival Mendes de Sá, apaixonado por instrumentos de sopro e percussão. “Achei incrível essa mistura e o envolvimento dos músicos com o público”, disse.
Mas o que a atenção da dona de casa Maria Inês de Castro, que mora em Santo Amaro da Purificação, foi a postura do maestro. “Ele fica de frente para o público”, comentou. De fato, Letieres Leite, que também é músico, rege com o olhar e discretos movimentos, que são facilmente assimilados pelo grupo, formado em 2006 e que já se apresentou em vários países da Europa.
A Orkestra Rumpilezz dá uma nova roupagem à música popular instrumental, acrescentando a percussão de matriz africana e seguindo a influência do jazz moderno. A inspiração, claro, vem do universo percussivo da Bahia, em especial o samba de roda do Recôncavo, o Candomblé e instituições como o Ilê Aiyê e o Olodum. O resultado não poderia ser melhor.
A formação da orquestra de afro-jazz é de cinco músicos de percussão (atabaques, surdos, timbau, caixa, agogô, pandeiro, caxixi) e 14 músicos de sopro (quatro trompetes, quatro trombones, dois saxes alto, dois saxes tenor, um sax barítono e uma tuba).
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