Todos os dias, em média, eles correm cerca de 20 quilômetros atrás dos caminhões basculantes, quase a distância de uma meia maratona. Mas os garis, que desempenham trabalho importante nas cidades, nem sempre são vistos ou recebem a devida valorização da comunidade.
Há 11 anos na profissão, Adelson Neres Adorno é um dos mais de 500 garis que diariamente recolhem os resíduos gerados nas residências de Feira e distritos.
“Chego a me realizar nesta profissão. Saí uma vez e voltei”, disse o gari, que semanalmente percorre dois roteiros, às segundas e terças-feiras. “É pesado, mas a gente gosta do que faz”, acentua.
Relacionamento com a população
Colega de Adelson, Elias Santos (os dois colegas na foto) está há pouco mais de um ano na profissão. “Trabalho todos os dias contente. Chego e saio feliz. Não tenho problemas”, destaca.
Os dois garis dizem que, na maioria das vezes, é respeitoso o relacionamento com a população. Porém, algumas pessoas às vezes os destratam. “Mas a gente não se deixa abater por estas críticas e reclamações”, diz Adelson Neres.
Preocupação com acidentes de trabalho
A corrida atrás dos caminhões tem seu motivo: quanto mais cedo concluir o percurso, maior tempo de descanso eles terão. “E para aguentar o tranco a gente se alimenta bastante”, comenta Elias (foto).
Para ambos, a maior preocupação está nos acidentes de trabalho. “Nem sempre vidros e objetos com ponta são bem acondicionados antes de serem descartados”, reclama Elias.
“Já me furei com agulhas de injeção”
“Já me cortei e fui furado por agulhas de injeção”, diz Adelson Neres (foto), que recebeu a devida atenção após o acidente. Outro problema é areia ou entulhos dentro de sacos e caixas.
De acordo com os garis, o peso causa problemas de saúde, principalmente na coluna. “A gente está acostumado com volumes leves e o corpo imediatamente sente quando pegamos uma caixa de areia, sem a devida preparação. O peso prejudica”, relata.
Profissão digna, salienta dirigente
O presidente do Sindicato da Limpeza de Feira de Santana, Rosalvo Ferreira de Cerqueira, diz que os garis locais têm motivos para festejar o dia 16 de maio, quando nacionalmente é comemorado o dia dedicado à categoria.
Para Rosalvo, gari é uma profissão das mais dignas. “É claro que o preconceito existe, mas a gente não se importa com a discriminação”.
Ele enfatiza que vários colegas estudam e que alguns já terminaram o curso superior, como três mulheres que hoje são farmacêuticas. “Outro colega vai se formar em direito e uma filha de um dos nossos garis vai ser advogada. É uma vitória de todos nós”, destaca.
Para comemorar a data, o sindicato organizou dois cafés. Um pela manhã, para a turma do dia, e outro à noite, para os que fazem os percurso a partir das 18h.
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