Tradição
mantida há mais de dois séculos, a Lavagem do Bonfim é marcada pela forte
presença do sincretismo religioso entre o catolicismo e o candomblé. Nesta
quinta-feira (12), devotos do Senhor Bom Jesus do Bonfim e Oxalá se reúnem para
festejar, prestar homenagens e pagar promessas no cortejo em direção à Colina
Sagrada. Além do contexto religioso, a Lavagem do Bonfim também é caracterizada
pela grande festa que acompanha e circunda o trajeto de fé.
Cerca
de um milhão de fiéis e 300 baianas devem participar do cortejo que sai, por
volta das 9 horas, da Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no
Comércio, até a Igreja do Bonfim. Ao todo, 34 entidades, reunindo mais de nove
mil integrantes, foram cadastradas pela Empresa Salvador Turismo (Saltur) para
participar do evento. Dentre elas, 18 são de percussão, cinco de sopro, dois de
samba, além de afoxé, instrumental, som mecânico, kuduro e marchinha de
carnaval. A expectativa é de que o cortejo chegue à Basílica do Bonfim ao
meio-dia, quando o adro e as escadarias são tradicionalmente lavados pelas
baianas com vassouras e água de cheiro.
O
cortejo de baianas e de milhares de fiéis pelas ruas da Cidade Baixa, em
Salvador, chegou por volta das 11h30 desta quinta-feira (12) ao templo do
Senhor do Bonfim, onde foi realizada a tradicional lavagem das escadarias. O
padre Edson Menezes fez um pronunciamento religioso de uma das janelas da
igreja, que esteve fechada durante a celebração. Milhares de devotos que
encerravam o cortejo foram recebidos com o Hino ao Senhor do Bonfim.
Uma
comitiva de políticos e integrantes da escola de samba carioca Portela chegaram
junto com as baianas. As escadarias começaram a ser lavadas após saudações dos
fiéis ao Senhor do Bonfim.
O
cortejo saiu da Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do
Comércio, pouco antes das 9h desta quinta-feira. Os fiéis percorreram 8 km até
a Colina Sagrada. O padre Valter Sanches iniciou os festejos logo cedo com uma
cerimônia intereligiosa.
O
casal de devotos Antônio Carlos e Maria Helena levaram a neta Queise Kely, de 5
anos, para acompanhar a lavagem. O avô explica que é devoto há muito tempo e
que sempre gostou de levar a garota para a Lavagem do Bonfim. "Eu peço
saúde e paz ao Senhor do Bonfim. Venho agradecer por graças sempre
alcançadas", diz.
A
baiana Marina Jupira participa do cortejo há cinco anos. Emocionada, ela conta
que tem muito a agradecer ao senhor do Bonfim. “Tenho muitas graças alcançadas,
passo o ano todo me preparando para ele [senhor do Bonfim], para esse momento
de fé e agradecimento”, relata.
O
auxiliar de manutenção na construção civil Cláudio Almeida acompanhou o cortejo
com o bloco Filhos de Gandhy. Há dez anos ele participa da festa. “A lavagem é
show de bola, gosto muito dessa energia do Gandhy, sou devoto de Gandhy e de
senhor do Bonfim”, conta.
A
lavagem teve início em 1754, quando a imagem do senhor do Bonfim, vinda de
Portugal, foi transferida para a igreja da Penha, em Itapagipe, para a igreja
do Bonfim. A lavagem do adro da igreja era feita com água de cheiro pelos
escravos, mas foi proibida pela Arquidiocese de Salvador em 1889. O ritual voltou
a ser feito em 1950 pelos seguidores do candomblé.
Informações do G1
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