Palestra
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Trinta professoras da Rede Municipal de Educação e os mesmos objetivos: a busca por um currículo flexível, um olhar sensível às singularidades de cada estudante e a garantia de uma educação de qualidade para todos. Esta foi a tônica do evento de abertura da Formação para Professores para Atuação no Atendimento Pedagógico Domiciliar e Classes Hospitalares – FORPRAD, que aconteceu na última quinta-feira, 5, no Teatro Margarida Ribeiro.
O encontro foi o primeiro de uma série de dez que acontecerão nos próximos meses – o último deles está marcado para 12 de dezembro. A principal meta da FORPRAD é discutir com os professores efetivos da Rede Municipal os conteúdos de natureza pedagógica que podem garantir a aprendizagem dos estudantes impossibilitados de frequentar a escola por condições de saúde.
O primeiro tema das discussões foi: “O desafio de pensar a diferença sob a perspectiva curricular: um convite à reflexão e à prática docente”. Antes do debate, os professores assistiram à palestra do professor doutor Marco Antônio Leandro Barzano, do curso de Biologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS, que também é especialista em currículo.
Ele destacou a importância de um documento norteador que consiga dar conta da aprendizagem dos estudantes dos mais variados perfis. Usando como exemplo a sua área de atuação, o professor citou o ensino sobre células. “Não basta ensinar o conteúdo. Se eu estiver numa sala que tenha alunos cegos ou autistas, eu tenho que saber como ensinar aquele assunto a todos os estudantes”, explica.
De acordo com Marco Barzano, alguns alunos de Biologia acabam concluindo a graduação sem enxergar em si mesmo a capacidade de gerir uma turma com estudantes com deficiência. Para ele, isto se dá por que os currículos, geralmente, tratam todos os estudantes como se fossem iguais. Lidam com o conteúdo, mas não com as eventuais especificidades de seus principais alvos.
Para o professor, ainda que sejam documentos, os currículos podem e devem ser flexíveis. Exemplifica com uma iniciativa da própria Secretaria de Educação: as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM). No turno oposto ao de suas aulas regulares, estudantes com algum tipo de deficiência ou transtorno que dificultem a sua aprendizagem são atendidos nas SRMs durante 50 minutos. Lá, eles participam de atividades adaptadas para auxiliar seu desenvolvimento pedagógico.
As principais temáticas desta formação também são exemplos de flexibilidade curricular, no caso, o Atendimento Pedagógico Domiciliar e as Classes Hospitalares. Sayonara Freitas de Carvalho é professora da Rede Municipal, idealizadora e coordenadora da FORPRAD. Atualmente, ela é responsável pelas aulas domiciliares das duas estudantes da Rede Municipal, beneficiadas por este atendimento.
“Estes serviços são um direito dos nossos alunos. Então, à medida que estas informações vão sendo divulgadas a demanda também aumentará. E a ideia é justamente essa. Então precisamos capacitar mais professores para que estejamos aptos a conceder este tipo de atendimento a quem necessitar”, defende a professora.
O secretário de Educação, Marcelo Neves, prestigiou o evento e celebrou o início de uma formação tão importante. “Este evento é justamente para incentivar nossos professores a se engajarem para que possam atuar com esta demanda. Todos têm condições de aprender, mas de diferentes maneiras e momentos. Nossa tarefa é prepararmos para isso”, disse. A chefe da Divisão de Educação Especial da Seduc, Rosemeire Oliveira, também compareceu à formação.
O Atendimento Pedagógico Domiciliar é oferecido pelo Centro Interprofissional de Atendimento Educacional Professora Marliete Santana Bastos, InterEduc. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Educação, para crianças e adolescentes que, por questões de saúde, estão impossibilitadas de sair de casa, mas contam com liberação médica para estudar.
O atendimento é feito com base no diálogo dos educadores com os professores da turma em que a estudante está matriculada, adaptando recursos, criando possibilidades para aprender, sem que o currículo escolar seja empobrecido. Em casos de alunos com algum tipo de deficiência, também existe um diálogo com os professores das Salas de Recursos Multifuncionais, que procuram diminuir a barreira para o entendimento do aluno.
Nas classes hospitalares, será necessária uma autorização do médico para que o estudante receba um professor em seu leito. Se houver, o responsável pelo aluno deve comunicar à escola, que entrará em contato com a Seduc para viabilizar as aulas. O serviço deve ser buscado pela família do estudante.
Foto: Tarcilo Santana
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