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terça-feira, 10 de setembro de 2024

FEIRA 191 ANOS: Mercado de Arte Popular, onde o passado e o presente se encontram

 

Equipamento municipal teve enorme contribuição na expansão da feira livre

Ocupando um quarteirão inteiro no centro comercial da cidade princesa, com a fachada principal voltada para Praça da Bandeira - a pouca distância da Prefeitura - o Mercado de Arte Popular (MAP), independente de se constituir em um dos mais importantes pontos turísticos da Metropolitana Feira de Santana, garante, também, ao visitante, um mergulho acolhedor ao passado recente de uma comunidade que pela idade cronológica, não dispõe de tantos enredos como outras que a precederam, valendo-se muito mais do seu acelerado desenvolvimento.

Conforme a história o espaçoso prédio foi construído a partir de 1915, na gestão do prefeito Bernardino da Silva Bahia para acomodar os vendedores de frutas, verduras, farinha de mandioca, fumo de corda, carnes e tantos outros gêneros que faziam a feira livre um movimento palpitante e cada vez mais concorrido, atraindo pessoas de toda a região.

O Mercado Municipal, que custou 100 contos de réis aos cofres da Prefeitura de Feira de Santana, teve enorme contribuição na expansão da feira livre que, a partir daquele ponto começou a se expandir  superando as previsões mais otimistas, ganhando fama de “a maior feira livre do país” até 1977, quando houve a inauguração do Centro de Abastecimento, edificado na gestão do prefeito José Falcão da Silva.

Vale dizer que o Mercado Municipal, teve o caráter de agregar vendedores e compradores, estabelecendo laços que se perpetuaram. Foi também a partida para o surgimento de estabelecimentos como a Despensa do Seu Lar, do comerciante Idalício Porto, que teria sido o precursor dos grandes supermercados, até então inexistentes, e que viriam anos após.

Muitos vendedores que tiveram negócios no antigo Mercado Municipal, tornaram-se praticamente lendários, construindo histórias interessantes. Jaime, um cabo verde que vendia carne do sol, mantinha os cabelos presos para trás, gostava de assobiar e era considerado namorador, foi um dessas figuras, ainda hoje lembradas por alguns. Maria da Jaca tinha esse nome por vender essa fruta muito procurada pelos visitantes. Santinho tinha sempre um requeijão de qualidade era o “Santinho do requeijão”.

Todavia, o mais interessante era Maria Barbada. Ela morava para os lados da Pampalona e a razão do apelido era óbvio. Negra, alta, forte e valente, era conhecida pela feijoada e outros pratos que fazia, mas quando se desentendia com alguém não hesitava em “sair na mão”. Tinha fama de bater em homem. Se a situação ficava difícil ela utilizava um baita cipó caboclo hoje quase desconhecido, mas na época arma eficiente em confrontos. Certo dia alguns vaqueiros de ricos fazendeiros resolveram se vingar e armaram uma treta para Maria Barbada, que teria levado uma sova, mas os valentões não saíram da refrega sem levar boas bordoadas.

Em 1980 na gestão do prefeito Colbert Martins da Silva, o antigo mercado, de tantas histórias, ganhou novo status, transformado no atual Mercado de Arte Popular, ponto de visita para turistas, moradores de outros municípios da região e pessoas da cidade para fazer compras e passear. Bem administrado pelo relojoeiro Aleucik Almeida Santos, o  MAP conta com ótima logística.

São quase cem boxes com uma notável diversidade de ramos. Assim, no MAP verifica-se a venda produtos variados como calçados, confecções, bijuterias, livros e revistas, relógios e joias, produtos de beleza, há também chaveiros, equipamentos eletrônicos, tabacaria, restaurantes e lanchonetes, fotógrafos, dentre outros. As confecções e bordados têm grande procura. O funcionamento do MAP é de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 18h e aos sábados até as 16 horas.

Sempre aos sábados, para encerrar a semana festivamente, há um show musical no palco fixo do MAP prioritariamente com artistas de Feira de Santana. Também em datas festivas como São João, Natal e Micareta realiza-se uma programação especial. Para o dia 20 deste mês (setembro) está programada uma homenagem a ex-jogadores do Fluminense como um legítimo reconhecimento pelo que eles fizeram ao longo de muitos anos vestindo a camisa das três cores.

Trata-se de uma homenagem inédita aos ex-atletas do clube pelo presidente do MAP que espera a presença de cerca de 50 a 60 deles, por conta dos convites que vem formulando. Eles serão recepcionados com um café da manhã e receberão um troféu especial, alusivo à comemoração. Torcedor do Fluminense desde a adolescência, Aleucik ressalta a satisfação em poder premiá-los. “Muitos deles hoje nem são reconhecidos pela torcida”.

Gestos como esse solidificam o traço histórico do MAP e para torná-lo mais vivo vale dizer que do antigo mercado extinto em 1980, o comerciante de calçados, Juarez Portela, que ali se instalou em 1968, portanto há 56 anos e continua firme no seu negócio no boxe Dedé Artes. Uma testemunha importante da história do estabelecimento, em duas fases distintas.

Por: Zadir Marques Porto

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