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terça-feira, 10 de setembro de 2024

FEIRA 191 ANOS: a pioneira na apicultura do estado

 

O produto do Apiário Favo de Ouro leva o nome do município ao mercado nacional

A expressiva liderança regional de Feira de Santana não se restringe à força do seu comércio, sem dúvida um dos mais importantes do Nordeste, à indústria, ou mesmo à reconhecida condição de polo da Educação e Saúde. O município também detém tradicional liderança na apicultura - um dos segmentos mais fortes da agricultura -, através de  uma interessante história familiar, com início datado em 1940, portanto há exatos 84 anos.

Quem deu início a tudo foi o ferreiro José Magalhães Martins, conhecido como “Zezé do Rato” por residir na Fazenda do Rato, ainda existente, em Irará, onde criava abelhas urucu, sem interesse comercial e destinava o mel extraído para o consumo doméstico. Em 1921 a família dele veio para Feira de Santana, passando a residir em uma chácara próxima ao Instituto de Educação Gastão Guimarães. Em 1940 ele começou a estudar apicultura, iniciando a criação de abelhas europeias. Com dinamismo peculiar dos que vivem no campo, logo estava com 600 colmeias gerando uma produção anual de 15 mil quilos de mel surgindo o Apiário São José.

Nos anos de 1944/1945, José Martins ganhou o prêmio estadual instituído pelo governador Landulfo Alves, com o título de mais importante apicultor baiano. Sentindo-se incentivado, dedicou-se ainda mais à causa, passando a produzir centrífugas e mesas para que outras pessoas pudessem ingressar na atividade, além de ensinar como criar abelhas e fornecer colmeias, o que veio propiciar o crescimento da atividade na Bahia.

No ano de 1970, a africanização da apicultura no país - como foi designada a introdução da abelha africana no Brasil -, trouxe muitas dificuldades para o segmento e vários criadores desistiram. José Martins conseguiu superar o problema, reduzindo temporariamente o número de colmeias, sendo essa diminuição posterirormente compensada pela maior produtividade. A questão foi conseguir a adaptação da abelha africana, mais produtiva, todavia mais agressiva que as existentes.

A partir de 1980, o pioneiro da apicultura baiana passou a contar com o apoio dos filhos, que introduziram o sistema migratório - colmeias eram deslocadas para outras regiões e até outros estados -, assim conseguindo manter sempre alto o nível  da produção, mas com muito desgaste físico para os produtores pelas constantes viagens. Premiando o pioneirismo e a persistência em 1980, o govenador João Durval criou a Cidade das Abelhas José Magalhães Ferreira, com duas estações, uma nesta cidade e outra em Itaparica.

O produto ganhou fama com o rótulo Favo de Ouro e hoje tem a produção concentrada na Fazenda Cristóvão, com 200 tarefas de terra e vegetação natural bem conservada, na divisa com São Gonçalo dos Campos. O veterinário e professor universitário, Ideval Martins, assim como o pai um idealista pela atividade, mantém cerca de 200 colmeias, cada uma com 70 mil abelhas, em média.

Ideval acredita que neste final de ano, apesar da variação climática que vem ocorrendo, a produção de mel será positiva já que há uma promissora floração de espécies vegetais como vassourinha de botão, sabiá, jurema, mangabeira, cajueiro e várias outras que atraem as abelhas. O produto do Apiário Favo de Ouro leva o nome de Feira de Santana ao mercado nacional com a comercialização do mel em vários estados e garante o idealismo de José Magalhães Martins, o “Zezé do Rato”,  que começou com o Apiário  São José por ser devoto do santo de tal modo que faleceu  em 19 de março de 2006, aos 91 anos de idade, no dia de São José.

Por: Zadir Marques Porto

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