Os versos
do poeta Patrice de Moraes, parte do livro “Eurótico”, de 2005, relançado na
quinta-feira, 14, durante a abertura da exposição coletiva Iluminação de Eros,
no Museu de Arte Contemporênea Raimundo Oliveira, é uma demonstração de que o
erotismo “é uma sugestão contida e não uma linguagem óbvia”, como ele próprio
define. Sutileza – às vezes não tão contida – que perpassa todas as obras
integrantes da mostra.
Com
temática única e visões as mais diversas, a coletiva reúne diferentes
linguagens artísticas em um só espaço: pintura, escultura, desenho, fotografia,
vídeo e literatura. Tudo isso para deleite do público, que é atraído pela
perturbadora Medusa em cerâmica de José Carneiro, a nudez quase singela da
linda mulher retratada na tela de Nanja, ou os versos sublimes de Roberval
Pereyr.
A
proximidade entre o erótico e o pornográfico é inevitável. Para a artista
plástica Nanja, há ligações entre as duas linguagens e o artista tem total
liberdade para criar, mas não confundir. A linha divisória é tênue, mas
absolutamente perceptível. Sobre a presença feminina nas obras eróticas, nada
mais natural. “A mulher, o corpo, o sexo, tudo se relaciona”, diz.
O poeta e
escritor Roberval Pereyr, entusiasta desse convite ao diálogo entre as várias
modalidades artísticas, que ele define como “um dinamismo próprio dos tempos
contemporâneos”, acha que tanto o erótico quanto o pornográfico são formas
válidas de criação. “Para chocoalhar os falsos moralismos”. Até porque a
tecnologia permite se criar a partir de tudo.
Certamente
foi pensando nisso que a artista visual Jô Félix apostou no projeto, originado
pela sua pesquisa de Mestrado e que resultou na exposição do MAC e que inclui
ainda oficinas de arte erótica e palestras sobre o tema. Os limites tênues
entre o erotismo e a pornografia, diz ela, estão inseridos no contexto
artístico-social em que a obra é criada.
A artista
também participa da mostra, onde expõe quadros que evidenciam, por meio de
figuras de bonecas, “a potencialidade de corpo sujeito aos padrões da sociedade
e explorado pela sexualidade”, conforme explica. A exposição, que reúne
artistas de Feira de Santana e região, Salvador e Recôncavo, permanecerá em
cartaz até o dia 10 de dezembro. (Madalena de Jesus)
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