A turma da terceira idade foi quem mais aproveitou os shows do último sábado, 30, no Mercado de Arte Popular. Sessentões, setentões e até noventões, com seus cabelos brancos e vitalidade de dar inveja a muitos mais jovens, dançaram forró do começo ao fim das apresentações que encerraram o projeto Arraial do MAP. Seus organismos produziram muita serotonina, dopamina, oxitocina e outros hormônios da felicidade.
Foram animados por Neném do Acordeom e a banda Jerimum com Mel. Fecharam com chave de ouro – a frase é desgastada pelo tempo e uso. Mas foi o que aconteceu na tarde do sábado. Ambas as atrações deram o melhor delas. O bom forró e um repertório de galopes não foram deixados de fora do salão.
Seu Francisco dançou com mulheres de várias idades
Seu Francisco dos Santos, 86, foi um dos mais animados. Várias mulheres, de todas as idades, atenderam aos seus pedidos de dança. Mesmo assim tomou alguns bolos. E quando não encontrava parceira, rodopiava sozinho pelo espaço de dança. “Eu gosto mesmo é de um forró num salão. Não gosto de rua, não”.
Disse que foi ao São João de São José e que dançou no São Pedro de Humildes. “Mas demorei pouco porque são festas grandes, com muitas pessoas”. E nem sempre os presentes nestas festas lhes dão a atenção que deseja: encontrar uma dama para rodopiar. Esta não é uma empreitada no MAP.
Aos 86, Rui Contreiras “rodou o salão”
Funcionário público, Rui Contreiras, 86, rodou o salão – os mais antigos percorriam todo ambiente com suas damas – várias vezes e com par diferentes. “Gosto muito de dançar forró”. Para esta turma, que se somadas fossem as suas idades o resultado passaria com facilidade de mil anos, dançar é muito mais do que uma terapia.
Heloísa e Margarida adoram um arrasta pé, mas dispensam acompanhantes
Dona Heloísa, que se aproxima dos 80, e não perde uma arrasta-pé, onde quer que aconteça, afirma que não gosta de dançar com um cavalheiro. “Desde que meu marido morreu nunca mais dancei com homem nenhum”, esclarece por que não aceita os diversos convites para uma dança. Dona Margarida, 94, outra festeira por natureza, também não curte muito dançar com um par. “Prefiro andar de um lado para o outro sozinha”.
E quando os velhotes encontram uma senhorita disponível quase não lhe dá descanso. É um convite atrás do outro. Ana, com seus vinte e poucos anos, de vez em quando dá uma mala. “Mas, geralmente aceito o pedido porque venho aqui para dançar e danço muito, me divirto”. De vez em quando alguém é visto beijando a mão da dama. Não é cortejo. É agradecimento pela dança – e uma forma elegante de informar que dentro de pouco tempo um novo convite será feito.
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