A
ministra Rosa Weber,
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
defendeu neste domingo 21, a atuação da Corte no combate às fake news, notícias falsas
propagadas durante o período eleitoral. Segundo a magistrada, mentiras e
“excessos” nas propagandas políticas sempre existiram, mas a velocidade e
intensidade de propagação são um “fenômeno novo” e um “problema mundial” contra
o qual ainda não se conhece “milagre”, uma solução definitiva que possa ser
aplicada em larga escala.
“Gostaríamos
imensamente que houvesse uma solução pronta e eficaz. De fato, não temos.
Notícias falsas não são novidade, O que é novidade é a difusão e circulação
dessas notícias”, disse, completando com um apelo: “Se tiverem uma solução para
que se coíbam fake
news, por favor, nos apresentem. Nós ainda não descobrimos o
milagre”.
A
ministra também ressalvou que, mais do que mentiras disseminadas contra um ou
outro candidato, a principal preocupação do TSE será contra as que disserem
respeito a falsas fraudes no sistema eleitoral, sobretudo quando se tratarem da
lisura do voto através de urnas eletrônicas.
“Impende
observar que o TSE está especialmente preocupado com um tipo diferente de fake
news, não mais aquelas que confrontam candidatos e candidaturas, mas sim as que
abalam e colocam em risco a credibilidade do sistema de votação eletrônico e,
em maior grau, a própria Justiça Eleitoral, como instituição isenta e idônea,
vocacionada a realizações de eleições livres, justas e soberanas”, argumentou.
Especificamente sobre as urnas, garantiu que o sistema “é auditável” e que
“qualquer fraude nele necessariamente deixaria digitais, permitindo a apuração
das responsabilidades”.
Antes,
de forma abstrata, defendeu a necessidade da Justiça Eleitoral não responder
“boatos com boatos” e respeitar os prazos processuais. “Há um tempo para a
resposta responsável. A Justiça Eleitoral dá as respostas responsáveis no
âmbito das ações judiciais que lhe são propostas. E as ações judiciais exigem
respeito ao devido processo legal”.
Conselho Consultivo
A
ministra Rosa Weber foi questionada sobre o porquê dessa falta de soluções
concretas a serem adotadas pelo TSE, uma vez que foi constituído, ainda em
2017, o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições, cuja tarefa, segundo foi
anunciado à época, era justamente a de preparar a justiça brasileira para lidar
com a questão durante o pleito deste ano.
Tanto
a presidente da Corte quanto o ministro Tarcísio Vieira, também do TSE,
argumentaram que foram realizados eventos com a presença de pesquisadores e
autoridades internacionais e que, mesmo nestes, se discutiram diversos aspectos
da questão, mas não foi formulada uma receita definitiva, que pudesse abarcar a
amplidão dos princípios brasileiros de liberdade de manifestação e de
expressão. A grosso modo, uma forma de combater fake news que não se torne
“censura prévia”.
A
respeito da atuação do Conselho, o secretário-geral da Presidência do TSE,
Estêvão Waterloo, argumentou que seus integrantes tem atividades ligadas ao
pleito que impediram que se reunissem nas semanas que antecederam o primeiro
turno e que, para esta última semana, serão firmadas parcerias com
pesquisadores da UFMG, dotados de mecanismos de acompanhamento de notícias
falsas em grupos fechados de WhatsApp, e com o próprio aplicativo.
De
acordo com a parceria com a ferramenta de mensagens, a Justiça Eleitoral terá,
explica Waterloo, acesso a uma conta de tipo empresarial, disponibilizada pelo
WhatsApp, para que possa combater em maior escala às mentiras relacionadas ao
processo eleitoral brasileiro. Esse mecanismo, bem como o desenvolvido na UFMG,
será utilizado dentro do comitê de segurança das eleições, com atuação de
diversos órgãos e que voltará a ser instalado em Brasília nesta segunda-feira.
Investigações
Sobre
o inquérito instaurado pela Polícia Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da
República (PGR), para investigar o compartilhamento das fake news e as relações
deste com as campanhas presidenciais do PT e do PSL, o delegado Élzio Vicente
da Silva, superintendente de combate ao crime organizado da PF, afirmou que a
duração deste “é imprevisível”.
“O
que se pode dizer é que a investigação será conduzida com a máxima amplitude
para que se cheque à máxima acurácia dentro de um prazo razoável. É
imprevisível. Não se trata só de preservar a estratégia da investigação, mas
também porque seria temerário falar aqui em prazo para se chegar a uma
delimitação do fato e das pessoas que estariam em torno desse fato”,
argumentou. O inquérito tramitará em sigilo de Justiça.
Em
sua fala, o ministro da Segurança Pública, responsável pela PF, Raul Jungmann
ressaltou que “não há anonimato na internet”. Ele elencou casos, desde os
eleitores que ingressaram com simulacros de armas de fogo em sessões eleitorais
até ameaças como as que foram feitas à ministra Rosa Weber, para atestar a
competência do órgão de identificar e responsabilizar criminalmente infratores.
Jungmann,
no entanto, também aproveitou para defender a Polícia Federal de críticas que,
diz, vêm sofrendo por uma suposta inércia. Ele “jogou a bola” para a Justiça
Eleitoral, argumentando que, na repressão a crimes eleitorais, a PF só age
mediante provocação judicial e não proativamente, como ocorre com investigações
relativas a crimes comuns.
Informações do g1
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