Moradores
da Lagoa Grande, primeira comunidade certificada pela Fundação Cultural
Palmares como quilombola em Feira de Santana, participaram de uma palestra, na
manhã desta quinta-feira, 23, como foco em iniciativas governamentais que visem
melhorar a qualidade de vida, bem como evidenciar aspectos culturais. No local
existem cerca de 300 casas de descendentes de escravos. A comunidade é
localizada no distrito de Maria Quitéria, de onde tiram seus sustentos da
terra.
Para
Fábio Santana, da Fundação Cultural Palmares, o que se buscou foi ouvir a
comunidade para, depois, ações sejam desenvolvidas, bem como desenvolver
iniciativas voltadas à altoestima dos quilombolas. “Ser quilombola enaltece.
Não é pejorativo. Aqui é o berço da cultura negra”. No encontro, representantes
da comunidade foram ouvidos.
A
comunidade vai ganhar uma escola e um posto de saúde – ambos com atendimento
diferenciado, voltado aos quilombolas, como explica a presidente do Conselho
Municipal de Participação e Desenvolvimento de Comunidades Negras e Indígenas
de Feira de Santana, Lourdes Santana. Outros eventos serão realizados na
comunidade ao longo do ano. Na quarta-feira, o presidente da Fundação, Hilton
Cobra, esteve no quilombo.
Membro da
Comissão da Promoção da Igualdade da Assembléia Legislativa da Bahia,
Lindinalva de Paula analisa que a comunidade negra perdeu a sua identidade no
processo histórico. “Todos devem se conscientizar que os quilombolas descendem
de escravizados”. De acordo com ela, a certificação passa pela história oral
contada pelos mais idosos, bem como a verificação do grau de parentesco entre
os moradores da comunidade, entre outras observações.
Para Tereza
do Espírito Santo, da Secretaria da Promoção da Igualdade Social, a sociedade
brasileira ainda é muito racista, mesmo que afirme o contrário. “O racismo não
tem base científica”. Por isso a sua prática deve ser combatida. “Estas ações
devem ser mais enfáticas contra o racismo à brasileira. Deve ser uma política
de Estado”.
A
presidente da Associação dos Moradores de Maria Quitéria, Fernanda Conceição,
disse que os jovens são mais resistentes e ainda não se veem como quilombolas.
“Mas estamos resgatando algumas tradições, como festas, e estamos nos reunindo
com eles”. O Centro de Referência e Assistência Social São José faz um trabalho
na comunidade, voltado à retomada cultural, bem como voltado à afirmação.
O
secretário de Cultura, esporte e Lazer, Jailton Batista, que esteve na
comunidade, disse que o município vai buscar parcerias com estes órgãos no
sentido da promoção de eventos voltados à cultura negra, bem como dialogar com
as comunidades, tanto as rurais como as urbanas.
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