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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Começam ações no 1º quilombo reconhecido em Feira de Santana

Moradores da Lagoa Grande, primeira comunidade certificada pela Fundação Cultural Palmares como quilombola em Feira de Santana, participaram de uma palestra, na manhã desta quinta-feira, 23, como foco em iniciativas governamentais que visem melhorar a qualidade de vida, bem como evidenciar aspectos culturais. No local existem cerca de 300 casas de descendentes de escravos. A comunidade é localizada no distrito de Maria Quitéria, de onde tiram seus sustentos da terra.

Para Fábio Santana, da Fundação Cultural Palmares, o que se buscou foi ouvir a comunidade para, depois, ações sejam desenvolvidas, bem como desenvolver iniciativas voltadas à altoestima dos quilombolas. “Ser quilombola enaltece. Não é pejorativo. Aqui é o berço da cultura negra”. No encontro, representantes da comunidade foram ouvidos.

A comunidade vai ganhar uma escola e um posto de saúde – ambos com atendimento diferenciado, voltado aos quilombolas, como explica a presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento de Comunidades Negras e Indígenas de Feira de Santana, Lourdes Santana. Outros eventos serão realizados na comunidade ao longo do ano. Na quarta-feira, o presidente da Fundação, Hilton Cobra, esteve no quilombo.

Membro da Comissão da Promoção da Igualdade da Assembléia Legislativa da Bahia, Lindinalva de Paula analisa que a comunidade negra perdeu a sua identidade no processo histórico. “Todos devem se conscientizar que os quilombolas descendem de escravizados”. De acordo com ela, a certificação passa pela história oral contada pelos mais idosos, bem como a verificação do grau de parentesco entre os moradores da comunidade, entre outras observações.

Para Tereza do Espírito Santo, da Secretaria da Promoção da Igualdade Social, a sociedade brasileira ainda é muito racista, mesmo que afirme o contrário. “O racismo não tem base científica”. Por isso a sua prática deve ser combatida. “Estas ações devem ser mais enfáticas contra o racismo à brasileira. Deve ser uma política de Estado”.

A presidente da Associação dos Moradores de Maria Quitéria, Fernanda Conceição, disse que os jovens são mais resistentes e ainda não se veem como quilombolas. “Mas estamos resgatando algumas tradições, como festas, e estamos nos reunindo com eles”. O Centro de Referência e Assistência Social São José faz um trabalho na comunidade, voltado à retomada cultural, bem como voltado à afirmação.


O secretário de Cultura, esporte e Lazer, Jailton Batista, que esteve na comunidade, disse que o município vai buscar parcerias com estes órgãos no sentido da promoção de eventos voltados à cultura negra, bem como dialogar com as comunidades, tanto as rurais como as urbanas. 

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