Ao redor da mesa um grupo de mulheres mexe uma massa, cujo ingrediente principal é a farinha de trigo. Com a ponta dos dedos vão dando forma a uma generosa quantidade de sequilhos, que logo são levados ao forno quente. Elas fazem parte da Associação Comunitária da Pedra Ferrada, uma das 56 beneficiadas pelo projeto Feira Produtiva, executado pela Prefeitura de Feira de Santana, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedeso).
Através desta iniciativa, essas mulheres encontraram uma oportunidade de geração de renda. Trocaram a enxada pela cozinha. Das mãos habilidosas produzem, além dos sequilhos, pães, bolos e tortas salgadas que vendem na comunidade, assim como em feiras, estações de ônibus, clínicas, enfim, onde tiver comprador. Elas também aceitam encomendas.
Para se profissionalizar e impulsionar a produção receberam formação, capacitação e acompanhamento técnico. Além disso, os equipamentos de cozinha industrial também foram doados. A iniciativa é executada por meio de convênio entre o governo do prefeito Colbert Martins Filho e o Governo Federal, através do Ministério do Trabalho, Emprego e Renda.
Sob a supervisão da Instrutora de Panificação e Confeitaria, Roseane Laranjeira (foto), do Departamento de Segurança Alimentar e Cidadania da Sedeso, às quintas-feiras, o grupo aprende uma nova receita, tira dúvidas e compartilha as experiências. “Essa é uma das turmas mais esforçadas, sempre pondo em prática o que aprenderam”, afirma. A turma é composta de dezesseis alunas.
Na cozinha comunitária a higiene é prioridade. As mulheres trabalham com luvas, toucas e aventais. O cuidado com as mãos também é feito com muito zelo. Railda Teles (foto) é uma das beneficiadas pelo projeto. Há três anos, a agricultura tem alimentado uma vida melhor. “Através do Feira Produtiva aprendi muita coisa sobre culinária, que eu tinha vontade em fazer e não sabia. Graças a Deus hoje faço biscoitinhos e tenho mais uma atividade econômica para ajudar nas despesas da casa”, revelou.
Segundo o coordenador do projeto, João Bosco, o Feira Produtiva tem gerado emprego e renda para cerca nove mil pessoas, direta e indiretamente. “O objetivo do projeto é apoiar os pequenos empreendimentos, introduzindo os conceitos, metodologias e práticas da economia solidária, de modo a proporcionar melhorias na qualidade de vida das famílias associadas”.
Além de gêneros alimentícios, as 56 associações cadastradas produzem artesanatos, trabalham com reciclagem e com o cultivo de flores – sendo que cada uma possui um segmento diferente. Ele acrescenta que, além da oferta de cursos profissionalizantes, 25 associações atendidas já foram contempladas com equipamentos e matérias-primas, mas a meta é que muitas outras sejam beneficiadas com o maquinário. Delas fazem parte tanto as mulheres (82%) quanto os homens.
Centro de Comercialização, vitrine dos produtos
Há pouco mais de um ano, o Centro de Comercialização do Projeto Feira Produtiva, localizado na Praça do Tropeiro, próximo ao Centro de Abastecimento, é o local certo para a exposição e comercialização da produção das associações. O espaço é coordenado pelo Governo do prefeito Colbert Filho, por meio da Sedeso.
Expostos em prateleiras, almofadas em fuxico, bonecas de pano, toalhas de crochê, panos de pratos pintados à mão, telas e jogos de peças para banheiro são alguns dos itens colocados à venda. Confeccionados artesanalmente e com muito capricho por mãos calejadas de segurar a enxada no trabalho na roça, cada um dos produtos tem seu valor. Tanto de comercialização – os preços são bem mais em conta – quanto pelo que representam.
“São peças diferentes, com preços justos e que agradam a clientela”, afirma Maria Simone dos Santos, uma das integrantes da Associação da Caatinga e Adjacências. Segundo ela, quem vai às compras no Centro de Comercialização se agrada com o que vê e acaba sempre deixando uma nova encomenda.
Além de objetos, no espaço também são vendidos sequilhos, compotas, beijus, cocadas. A cada dia representantes de quatro associações diferentes assumem o trabalho no equipamento, obedecendo a escala. São eles os responsáveis pelas vendas e em prestar contas ao final do dia – os valores são repassados para a administração do Feira Produtiva que, por sua vez, repassam para as associações, conforme o que foi comercializado.
“Este espaço é local não só para comercialização, mas também de divulgação dos nossos produtos. Já recebemos pessoas de outros estados que se encantaram com esse projeto, que deu para mulheres e homens da zona rural a oportunidade de conseguir uma renda longe das atividades do campo”, ressalta Maria dos Santos. No Centro de Comercialização também acontecem cursos de pintura (segunda-feira à tarde) e corte e costura (quarta-feira).
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