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quarta-feira, 31 de julho de 2024

Cardápio variado e nutritivo garante alimentação o dia inteiro nas escolas municipais

 

Alunos seguem rotina de cuidados, disciplina e aprendizado

Reportagem: Renata Leite
Edição: Ordachson Gonçalves

 Às 8h20 é servido o desjejum. Os pequeninos, entre 2 e 3 anos, chegam em fila e sentam-se à mesa onde são servidos os pratos individuais com a alimentação. O cardápio sempre variado e rico em nutrientes vai desde frutas, a uma porção de raiz (batata-doce ou aipim) acompanhada por proteína, como carne ou ovos mexidos, e canjiquinha [a cada dia da semana é uma destas opções acompanhada por suco ou leite].

Logo em seguida chegam no refeitório as turminhas dos grupos 4 e 5. Assim começa a rotina na Escola Municipal Carlos Marinho Falcão, localizada no Papagaio, onde a educação é em tempo integral. Na unidade estão matriculadas 128 crianças.

"A cada mês é fornecido um novo cardápio para a alimentação dos nossos alunos. No entanto, a nutricionista vai à escola entre duas a três vezes na semana para alinhar a necessidade de alguma mudança ou adaptação na alimentação ofertada às nossas crianças", afirma a diretora da unidade escolar, Lídia Almeida.

De acordo com a gestora, os alunos são estimulados a conhecer novos alimentos, mas obedecendo à capacidade de aceitação de cada um.

"Há aqueles que não gostam da textura do mingau. Nós adaptamos para um cuscuz de tapioca, por exemplo. Alguns não aceitam os flocos de aveia misturado às frutas, outros só comem a batata-doce cozida ou aipim se tiver carne. O hábito alimentar vai sendo construído aos poucos e a diversidade no cardápio estimula a conhecer novos sabores", explica.

Na cozinha equipada com fogão industrial, freezer, geladeira, entre outros utensílios necessários para o preparo das refeições dos estudantes - além do desjejum, tem o almoço e lanche - quem prepara tudo com dedicação e cuidados são as cozinheiras Mônica Pereira e Eliete Oliveira. São elas também as responsáveis por colocar o alimento no prato antes de servir. As profissionais são da empresa Lemos Passos, contratada pela Prefeitura de Feira de Santana por meio de licitação pública.

"Somos uma escola para todos e atendemos perfis muito diferentes. Aqui temos crianças que vivem em situação de vulnerabilidade e a alimentação que consomem é a que é ofertada na escola. Assim como temos crianças cuja família é mais estruturada e ela já vem alimentada e não quer o desjejum. E tem aquelas que têm o alimento em casa, mas comem na escola porque saem muito cedo", explica a diretora Lídia Almeida.

As crianças chegam às 7h45. O desjejum é ofertado às 8h20, após a acolhida. Alimentadas, têm um momento livre para, na sequência, serem levadas à sala de aula para a atividade direcionada. Finalizada essa etapa, é hora do banho em preparação para o almoço: às 10h50 (grupos 2 e 3) e 11h20 (grupos 4 e 5). Nesta refeição consomem proteína (frango, carne bovina ou fígado), arroz, feijão, macarrão e legumes cozidos.

CONSTRUÇÃO DE HÁBITOS

Aos 3 anos, Maria Helena Souza já sabe utilizar o talher para se alimentar. Diz que o almoço está uma delícia e pede para repetir saboreando o alimento. Enquanto isso, Gael Galdino (2), de barriguinha cheia, levanta e vai até uma bacia plástica retirar os resíduos de alimentos que ficaram no prato e o coloca em outro recipiente para ser lavado.

"O ato de comer envolve uma rotina, desde lavar as mãos, sentar-se à mesa e recolher o prato. Através de um trabalho desenvolvido pela equipe pedagógica, estimulamos a autonomia e esse processo de aprendizagem é, na verdade, a construção de uma cultura. São hábitos que vão sendo construídos no cotidiano da escola", ressalta a diretora.

Dos 128 alunos matriculados na escola, 18 são autistas, dois têm paralisia cerebral e três apresentam comprometimento cognitivo. "As crianças autistas, por exemplo, quando ficam sem se alimentar, desestabilizam com muita facilidade e são muito seletivas na alimentação", completa Lídia.

HORA DO SONINHO

Após o almoço, é hora de relaxar. A sala de aula foi transformada em um ambiente confortável e climatizado, propício para o soninho. Com as cortinas fechadas e a TV sintonizada numa programação musical infantil, Heitor Pinheiro (2) escova os dentes e vai direto para o colchonete. Todo auxílio é prestado pela cuidadora Anaci Bispo - todas as sete turmas possuem um cuidador.

"Enquanto eles saem para almoçar, eu fico na sala organizando o espaço para quando as crianças retornarem. Elas chegam e vão direto para o banheiro, que é adaptado, para fazer a higienização bucal. Depois seguem direto para seu colchonete - cada aluno tem o seu com as roupas de cama individuais que trazem de casa".

EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL

Já à tarde, despertam do cochilo com um momento de brincadeira e cumprem a proposta pedagógica que tem a ver com as atividades da manhã. Feito isso, é hora do lanche. E lá vão as crianças para a última refeição ofertada na escola antes de retornarem para casa, a partir das 16h45. Sopa, sanduíche de frango desfiado, farofa de cuscuz e suco estão entre as opções a depender do cardápio do dia.

"Prestamos quase 10h de atendimento a esse estudante de segunda a sexta-feira. Por sermos uma escola em tempo integral, os ensinamentos ultrapassam as atividades pedagógicas. Temos uma atenção direcionada à convivência, ao bem-estar e à aprendizagem”, pontua a diretora Lídia Almeida. Vale destacar que a escola possui a sala de recursos multifuncionais onde é prestado atendimento individual ao aluno conforme a sua necessidade.

Além da Escola Municipal Carlos Marinho Falcão, a Prefeitura de Feira de Santana dispõe de 32 unidades que funcionam em tempo integral, sendo algumas exclusivas(100% integral) e outras com turmas nesse sistema educacional, a exemplo da Escola M. de Educação Infantil Alda Marques (Santa Mônica), Hugo Navarro Silva (Muchila), a Mãe dos Humildes (distrito de Humildes), Cívico Militar (em Jaíba) e o Centro de Educação Monteiro Lobato (Capuchinhos).

A secretária municipal de Educação, Anaci Paim, destaca que a concepção da Educação em Tempo Integral foi idealizada com as contribuições de Anísio Teixeira, considerando que quanto maior o tempo escolar, melhor a aprendizagem do aluno. 

“É um tempo em que ele está disponível para uma jornada de atividades com currículo integrado, viabilizando o atendimento necessário para todas as faixas etárias. São escolas que possuem metodologia e avaliações diferenciadas, assim como espaço adequado para a permanência do aluno”, conclui.

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