O filme documentário de longa
metragem Cuíca de Santo Amaro, poeta e trovador que inspirou personagens de
Jorge Amado, chega finalmente a Feira de Santana. Depois de exibido em
festivais de cinema no Brasil e no exterior e estrear com sucesso de crítica no
circuito comercial em Salvador, o filme prossegue sua jornada em universidades,
centros de cultura e cinemas de 29 cidades do interior.
Terça-feira, dia 15 de outubro, será a
vez do filme ser exibido em Feira de Santana, no Cuca, às 19h, com entrada
franca. Além de exibir o filme, o programa inclui lançamento do DVD com cinco
extras e material pedagógico, lançamento do livro “A Verve de Cuíca" e
debate com os realizadores. O DVD será distribuído gratuitamente para escolas,
universidades, instituições e grupos culturais locais.
Jorge Amado considerava Cuíca de Santo
Amaro o maior trovador popular da Bahia e o incluiu em quatro de suas obras:
“Bahia de Todos os Santos”, “A morte e a morte de Quincas Berro D ‘Água”,
“Pastores da Noite” e “Tereza Batista Cansada de Guerra”. Além de citar o
cordelista nesses livros, Jorge Amado criou um personagem inspirado em Cuíca, o
Curió, presente em “Pastores da Noite” e em “A Morte e a morte de Quincas Berro
D ‘Água”.
Com o apoio da Secretaria de Cultura
da Bahia, até este momento o documentário de longa metragem já foi exibido no
Recôncavo (Santo Amaro, Cachoeira, Santo Antônio de Jesus, Camaçari e Cruz das
Almas); no Sul e Extremo-Sul da Bahia (Itabuna, Ilhéus, Mutuípe, Valença,
Eunápolis e Santa Cruz de Cabrália); no Sudoeste (Jequié e Vitória da
Conquista); e na Chapada (Rio de Contas, Lençóis e Itaberaba).
O filme
O documentário, dirigido por
Joel Almeida e Josias Pires, sintetiza a pesquisa realizada a partir de relatos
orais de 50 pessoas que tiveram algum tipo de contato com Cuíca e de cerca 300
folhetos - os livrinhos de histórias, como foram chamados na sua época – e traz
imagens de arquivos de Salvador e do Recôncavo. O filme utiliza também recursos
de animação, inspirados num encontro do escritor Orígenes Lessa com o trovador
repórter, ocorrida no dia 10 de junho de 1955.
Algumas das imagens de época pesquisadas
eram inéditas, como trechos filmados sob a coordenação de Alceu Maynard de
Araújo, em 1947, encontradas na Cinemateca, SP. O filme valeu-se
particularmente dos estudos feitos por Edilene Matos, Mark Curran, de precisas
indicações do poeta Carlos Cunha e de todos os que compartilharam suas memórias
e sentimentos da época.
Concluído em janeiro de 2012,
Cuíca foi selecionado para o 17º Festival Internacional de Documentários
é Tudo Verdade (2 exibições no Rio de Janeiro e 2 em São Paulo); 5º Festival do
Cine Latino-americano e Caribenho de Margarita (Venezuela); Festival
Internacional de Cinema de Arquivo, Arquivo Nacional, RJ; 16ª Mostra de Cinema
de Tiradentes, MG; 3º Cachoeira Doc; 8º Cine Futuro (avant-première em
Salvador) e projeto Cinema no Telhado, Luanda Angola/Instituto Goethe.
Realizado com o patrocínio de edital
do Programa Petrobras Cultural, o filme teve o projeto de difusão e
exibição na Bahia patrocinado pelo Fundo de Cultura do Estado, a partir de
edital setorial do audiovisual de 2012 promovido pela Fundação Cultural
/Secult.
Cuíca
Cuíca de Santo Amaro nasceu José
Gomes no dia 19 de março de 1907 , no bairro da Mouraria, segundo registro
civil feito por ele próprio, já aos 50 anos de idade. Trovador maldito da
poesia popular do Brasil, personagem controvertida, produz, entre 1930 e 1963,
cerca de mil títulos de livros de histórias, nome que dá aos folhetos que só
depois passaram a ser conhecidos na Bahia como literatura de cordel. Morreu em
23 de janeiro de 1964.
É consagrado como o maior o trovador
da Bahia por Jorge Amado, que faz dele personagem também dos romances Pastores
da Noite e A morte e A morte de Quincas Berro D’Água e destaca seu trabalho no
livro Bahia de Todos os Santos, guia de ruas e mistérios: "Cuíca de Santo
Amaro é uma organização: escreve seus versos, manda imprimi-los, desenha ele
mesmo os cartazes de propaganda que conduz sobre os ombros, vende folhetos com
os poemas e canta os melhores versos para atrair a freguesia”
Cuíca inspira Dias Gomes a criar o
personagem Dedé Cospe-Rima na peça de teatro que, reapresentada pelo cinema,
leva Anselmo Duarte a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, com o filme "O
Pagador de Promessa (1962). No filme, Cuíca é vivido pelo ator Roberto
Ferreira, que criou personagem famosa da Bahia de Cuíca, conhecida como Zé
Coió. Um ano antes é o próprio Cuíca de Santo Amaro quem faz a abertura e
encerra o filme "A Grande Feira" (1961), de Roberto Pires.
Ficha técnica
Direção – Joel de Almeida e Josias
Pires
Produção Executiva – Adler Paz,
Bau Carvalho e Lula Oliveira
Direção de Arte – Ian Sampaio
Montagem – Bau Carvalho
Direção de Produção – Luciana
Freitas e Marise Berta
Direção de Fotografia – Paulo
Hermida
Direção Musical – Tuzé de Abreu
Som direto – Rodrigo Alzueta e
Napoleão Cunha
2012 – 75 minutos
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