Neste sábado
(26/10), uma questão da prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias
relacionada ao governo de Juscelino Kubitschek mostra na charge do cartunista
baiano Djalma Pires Ferreira, que assinava como Théo, a palavra gasolina com
"z", em vez de trazer a escrita atual, que é com "s". A
grafia chamou a atenção de alguns candidatos que prestaram a prova. Alguns, nas
redes sociais, até brincaram com a situação, falando que "aprenderam no
Enem" a nova forma de se escrever.
Procurado
pelo G1, o MEC afirmou que a charge foi inserida na íntegra na
prova deste sábado, e que tem um contexto histórico e irônico. O ministério
lembrou ainda que outra palavra ("doutô") também aparece fora da
norma culta na charge.
O professor de
história do Brasil da UFRJ, Renato Lemos, que compilou charges no livro
apontado pelo Enem como local de onde extraiu o desenho, "Uma história
através da caricatura (1840-2001)", afirma que a palavra foi escrita desta
forma pelo autor. "A charge foi publicada em 1960, depois da primeira
reforma ortográfica, que foi em 1943 e que definiu gasolina com 's'. Mas as
pessoas, por um bom tempo, ainda usaram 'gás' e 'gasolina', por exemplo, com
'z'", afirma.
Aluno brinca com a grafia da palavra gasolina no Enem (Foto: Reprodução/Twitter)
O livro,
segundo o professor, é usado em muitos vestibulares por conter charges que
refletem vários períodos históricos do país. Mas, ele afirma, que não foi
avisado pelo MEC que sua obra seria utilizada na prova.
O Professor
Sérgio Nogueira, colunista do G1, afirma que a palavra nunca foi
escrita com "z", nem mesmo na época em que a charge foi publicada, em
1960. "Antes de 1943, não havia registro das palavras. Mas depois
aconteceu a reforma ortográfica. Pode ser uma ironia do chargista", conta.
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