Comunidade Quilombola
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Foi com muito samba de roda que a comunidade de Matinha dos Pretos, no distrito de Matinha, comemorou o reconhecimento de Comunidade Tradicional (Quilombola) na tarde deste domingo (27/07). O certificado, emitido pela Fundação Cultural Palmares, autarquia do Ministério da Cultura, garante e faz o reparo para a população negra.
O documento tem como objetivo garantir a manutenção da identidade das comunidades, salvaguardados pela União, beneficiá-los com políticas públicas de atenção e reparação, além de articulações para o processo de titulação do território, oficializando a comunidade como detentora do terreno onde viveu por muitos anos.
Essa é a segunda comunidade do município de Feira de Santana que recebe o certificado de reconhecimento. A primeira delas foi Lagoa Grande, no distrito de Maria Quitéria. Para conseguir o documento é necessário, primeiramente, que a comunidade se declare quilombola. Depois, através de associações e a integração com o poder público, é realizado o pedido para o Ministério da Cultura.
“É um ganho para a comunidade, pois temos uma caminhada de vários anos. Isso consolida apenas mais uma etapa de nosso processo de reconhecimento. Mesmo sem o título já tínhamos a consciência de nossa identidade”, declarou a presidente da Associação Comunitária da Matinha, Maria das Neves das Virgens, responsável por todo processo.
Antes mesmo de receber a titulação, a Matinha conquistou benefícios por ser considerada uma Comunidade Tradicional. O exemplo disso foi a pavimentação asfáltica de toda região através de projeto encaminhado a Câmara Municipal, e também por ser local de pesquisas de diversos estudantes de graduação e pós-graduação das diversas faculdades e universidades da Bahia.
A certificação foi entregue pelo chefe da Representação da Bahia e Sergipe da Fundação Cultural Palmares, Fabio de Santana, que destacou a importância deste marco. “Não estamos fazendo favor para essa comunidade. Estamos sim, devolvendo o que foi tirado há muitos anos atrás através da escravidão. Portanto temos que dar mais garantia a essa população”.
A presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento das Comunidades Negras e Indígenas, Lourdes Santana, também participou do evento. “É um ato oficial, que dá estruturação na história. Agora a comunidade passa ser um domínio histórico que não pode ser apagado. O próximo passo é juntar todos para trazer mais ações na região”.
Para abrilhantar ainda mais as comemorações, os traços dos moradores estavam presentes em diversas exposições, uma delas fotográfica. Intitulada de “Retratos da Matinha”, o fotografo Marcelo Rabelo narrou a história dos moradores através do tempo de trabalhar e colher. Houve também comidas típicas e artesanato.
Capitaneados pelo grupo Quixabeira da Matinha, diversos grupos de samba de roda se apresentaram para fazer os presentes dançarem. O evento entrou pela noite, demonstrando a alegria da população por mais uma conquista. “Estou muito satisfeita por ver a luta de meus amigos se consolidando hoje. Ninguém queria vim para a Matinha dos Pretos. Eu fiquei aqui e conquistei tudo em minha vida”, afirmou a professora Bulqueria Freitas de Araújo, 68 anos.
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