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terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Abordagens sobre racismo, identidade e colonização marcaram o segundo dia da Jornada Pedagógica

Jornada
 Cada modalidade da educação lida com diversos fatores como idade, foco e nuanças com características um pouco diferentes. Para abordar o tema “Pensamento decolonial e aspectos socioemocionais na escola: experiências e perspectivas curriculares”, abordagem central da Jornada Pedagógica da Rede Municipal de Educação, professores dos vários segmentos se reuniram em seus grupos esta segunda-feira, 3.

O encontro reuniu durante todo o dia professores das várias modalidades: Educação Infantil, Ensino Fundamental anos iniciais e anos finais, os profissionais das Salas de Recursos Multifuncionais, do Centro Interprofissional de Atendimento Educacional Professora Marliete Santana Bastos, InterEduc, e Intérpretes de Libras, que atuam com crianças e adolescentes com deficiência; os monitores do Programa Música na Escola e ainda os professores da Educação de Jovens e Adultos, cujo encontro aconteceu no turno da noite. As atividades foram realizadas em diferentes espaços. 
 
Os professores que atuam nas creches da Rede Municipal de Educação se reuniram no Centro de Cultura Maestro Miro. Lá, o tema central foi abordado com foco na importância de falar sobre racismo, representatividade e identidade logo nos primeiros anos das crianças na escola.
“É uma troca de aprendizados. Falo constantemente com meus alunos sobre esses temas e aprendo muito também com as experiências e a sinceridade deles. Passei muito tempo sem aceitar o meu próprio cabelo crespo. Quando fui questionada pelas crianças, refleti sobre o assunto e decidi passar por uma transição capilar. Hoje assumo meu cabelo natural. Vejo cada dia mais o quanto é importante este trabalho de desconstrução tanto para nós quanto para eles”, relata a professora Sara Cerqueira Silva, do Centro Municipal de Educação Infantil, CMEI João Serafim de Lima.
 
“Sabemos que a maioria das crianças da nossa Rede é negra. Precisamos discutir como parar de reproduzir preconceitos, principalmente na infância”, acredita a professora mestre Ideojane Melo Conceição, que é vice-diretora do CMEI Luzia de Almeida Souza e falou sobre sua experiência para os colegas. “Percebemos que ainda há uma lacuna muito grande da abordagem destes temas na Educação Infantil”, avalia.
Resquícios da Colonização
Como no primeiro dia da Jornada Pedagógica, que reuniu gestores e coordenadores pedagógicos na última quinta-feira, 30, a principal abordagem da temática no encontro dos professores do Ensino Fundamental anos finais – do 6º ao 9º ano – foi também o pensamento decolonial.
 
“Os resquícios da colonização existem e precisam ser apontados. Quando reconhecemos que ainda vivemos em uma sociedade na qual enfrentamos a desigualdade racial, material, econômica e política, compreendemos que de fato a decolonialidade traz uma relevância no sentido de oportunizar as pessoas que estavam subalternas encontrarem seu lugar no mundo”, defende a professora especialista Suellen Cardoso Amaral, que tratou do tema.
 
A importância da discussão foi ressaltada pelos profissionais. “Estou admirada. Por ser uma professora da zona rural, tenho uma missão muito grande para que meus estudantes se reconheçam como cidadãos que podem transformar a própria realidade, seja no lugar onde mora ou fora da sua comunidade”, declara a professora Maria Luiza da Silva Conceição, da Escola Municipal José Tavares Carneiro, do distrito de Maria Quitéria.
Aspectos socioemocionais
Já no encontro dos professores de Ensino Fundamental anos iniciais – 1º ao 5º ano, o foco foi nos aspectos socioemocionais. “Focamos mais em como estas questões chegam para o professor na sala de aula. Não só na perspectiva professor X aluno, mas principalmente como o profissional da Educação lida com essas demandas que representam grandes responsabilidades. Se o professor não tem apoio para lidar com o que encontra em sala de aula, o trabalho se torna mais difícil”, aponta a doutora Rosilda Arruda Ferreira, que proferiu palestra para os educadores.
 
No auditório da Secretaria de Saúde, a jornada reuniu professores que atuam nos diversos espaços de promoção da inclusão. Na programação, foram tratados temas relevantes como o transtorno do espectro autista e a síndrome congênita do zika vírus, pela qual surgiu a microcefalia, entre outros. Proferiram palestras as professoras Mariana Lopes Moraes, Gabriela Cunha Andrade e os enfermeiros Paulo Roberto Falcao do Vale e Maricelia Maia de Lima.
Na Seduc, os monitores que atuam no Programa Música na Escola dialogaram sobre a criatividade no processo educacional. O tema foi abordado pela doutora em Educação, Luciene Souza Santos.
 
Troca de experiências e saberes
O objetivo central da jornada é discutir temas relevantes e atuais do cenário da Educação, favorecendo a troca de experiências entre os profissionais e finalmente definir diretrizes para o planejamento do ano letivo. As discussões e palestras visam abrir espaços de troca de experiências e saberes entre os profissionais da educação. Após este encontro, a Jornada Pedagógica segue nas escolas estas terça e quarta-feira, 4 e 5 respectivamente.
 
“Embora o planejamento seja feito durante todo o ano, temos este primeiro momento para falarmos sobre questões atuais que os professores encaram diariamente nas escolas. É importante pautarmos nosso trabalho no sentido de oferecermos o melhor para as crianças da Rede e isto sempre passa pelo nosso diálogo”, atesta a diretora do Departamento de Ensino da Seduc, Jozelia Araujo.
As aulas na Rede Municipal de Educação recomeçam esta quinta-feira, 6, quando aproximadamente 50 mil estudantes retornam às 206 escolas da Rede Municipal.

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