Telefone sem fio em libras, o uso de alguns brinquedos e artefatos para encontrar o outro de olhos vendados e brincadeiras usando apenas um lado do corpo. Estas foram algumas das dinâmicas trazidas por Kelly Campos Rossinholi para o lançamento do Dia do Brincar, que aconteceu na tarde desta sexta-feira, 3, no Teatro Municipal Margarida Ribeiro; ela foi a palestrante do evento. “O brincar que abraça a diferença” foi o tema escolhido para o Dia B deste ano.
Kelly é professora da Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da Escola Municipal Maria José Dantas Carneiro, do bairro Caseb. Sua proposta durante o evento foi estimular a sensação da diferença; de se colocar no lugar do outro. Participaram do gestoras escolares e coordenadoras pedagógicas das escolas municipais.
“Brincar faz parte do currículo escolar, do desenvolvimento humano e eu procurei trazer a ideia do brincar a partir de um olhar inclusivo”, destacou a palestrante. E, para ela, a empatia é crucial para que as crianças cresçam sem preconceitos. “Ninguém é igual a ninguém e isso precisa ser um entendimento comum. Buscar padrões é o nosso maior erro”, complementou.
Todas essas atividades propostas pela professora no evento fazem parte de sua prática pedagógica cotidiana, na unidade de ensino em que ela atua. Em 2018, durante a mobilização do Dia B, ela juntou todos os estudantes da Escola Municipal Maria José Carneiro, atendidos na Sala de Recursos, e organizou diversas brincadeiras adaptadas especificamente para eles.
O evento de lançamento do Dia B também contou com relatos da servidora pública e telefonista da Seduc, Luzia Conceição – ela é deficiente visual. Luzia leu, em braile, um texto sobre igualdade e falou sobre as brincadeiras que marcaram sua infância. “Brincava de esconder, de pular, de correr, e não era tratada de forma diferente. Como as crianças faziam de tudo, eu queria estar no meio delas, fazendo tudo também”, relatou, aos risos.
A acolhida foi feita pela professora e facilitadora da Yoga do Riso, Aline Costa – Aline “Amor e Riso”. Ela fez rodas de brincadeiras com as gestoras e integrantes da equipe da Seduc e falou sobre o riso como algo terapêutico.
No próximo 28 de maio, instituições ligadas à infância, como escolas, creches, hospitais e espaços educativos, entre outros, se engajam ao Dia do Brincar. A proposta é fomentar durante todo o dia a prática livre de brincar, para vivenciar a integração da cultura de sua época com a de outras, em contato com brincadeiras individuais, coletivas, cantadas e muitas outras.
Comemorado em mais de 40 países, o “World Play Day” é um evento conhecido como Dia Internacional do Brincar ou Dia Mundial do Brincar. Na data, as instituições e profissionais que trabalham com a Educação Infantil lembram que o brincar é um direito – artigo 31º da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas – e ainda uma alegria essencial para pessoas de todas as idades. O brincar proporciona vantagens como a diversão, a educação, o aumento da concentração, da criatividade, exploração e convivência.
Em Feira, a iniciativa de mobilizar em torno da data é da Seduc. Entidades privadas, a exemplo do Colégio Padre Ovídio, escolas Rubem Alves, Despertar, Creche Escola Catavento e Prime, além do Hospital Estadual da Criança, entre outras, se somam às escolas públicas municipais. Representantes destas instituições também compareceram ao evento de lançamento.
Brincar também é aprender
Joelma Sobrinho (foto), vice-diretora da Escola Municipal Monsenhor Jessé Torres Cunha, do bairro Aviário, gostou da ideia sugerida para o Dia B deste ano. “Na brincadeira aprendemos sobre raciocínio, a obedecer a regras; sobre respeito, ao interagir com o outro; estimulamos a movimentação. Então, é perfeito este tema porque dá oportunidades a todas as crianças, independentemente de qualquer coisa”, pontuou.
Técnica da equipe de Divisão da Educação Infantil, a professora Candice Diniz, explicou que a escolha deste tema cumpre exatamente este objetivo. “Buscamos explorar a inclusão; tratar da importância do brincar na vida das crianças sem distinções”.
A professora Paula Soto, chefe de Gabinete da Secretaria de Educação, reforçou esse argumento ao propor a extensão da brincadeira como fator pedagógico não somente da Educação Infantil, mas também para os estudantes do Ensino Fundamental e da própria Educação de Jovens e Adultos (EJA).
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