Doopler Transcraniano em pacientes falcêmicos

Feira de Santana torna-se a terceira cidade da Bahia a realizar o exame de Doppler Transcraniano gratuitamente. Através dele é possível avaliar o fluxo sanguíneo cerebral em crianças e adolescentes, na faixa etária entre 7 a 18 anos, que possuem a doença falciforme, prevenindo-os de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O serviço foi implantado nesta terça-feira, 1º de abril, no Centro de Referência Municipal à Pessoa com Doença Falciforme, que funciona na Unidade Básica de Saúde (UBS), do Centro Social Urbano (CSU), no bairro Cidade Nova.

De acordo com o neuropediatra Camilo Vieira, o exame analisa a velocidade com que o sangue passa nas artérias do cérebro. O procedimento dura em média 20 minutos. “Pacientes com anemia falciforme, na faixa etária pediátrica, têm chances 300 vezes mais de ter um derrame do que uma criança que não tem a doença”, afirma.

O neuropediatra ressalta que o AVC é uma das complicações mais graves da anemia falciforme. “Quando não deixa sequelas graves, pode levar o paciente a óbito”, afirma. Ele acrescenta que 10% dos pacientes com 15 anos já tiveram o AVC.

O paciente falcêmico apresenta alteração genética na hemoglobina – proteína responsável em absorver e transportar o oxigênio no sangue e liberá-lo no tecido. Esta é uma doença hereditária e não tem cura.

O pequeno João Ferreira, 3 anos, foi um dos pacientes submetidos ao exame. Ele estava acompanhado pela mãe Aline dos Santos Ferreira, 24. Moradores do distrito de Humildes, a lavradora reconheceu a importância do exame. “João faz tratamento desde os cinco meses. Estou sempre atenta para os cuidados com a saúde dele”, afirmou. O exame não apresentou anormalidade. 

Pacientes que apresentarem risco elevado para um derrame será feita a prevenção primária, através de transfusão sanguínea todo o mês. Eles serão encaminhados para o Hospital Estadual da Criança (ECA).  

A coordenadora do Programa Municipal à Pessoa com Doença Falciforme, Luciana Brito, informa que esse exame será realizado nos pacientes cadastrados e acompanhados no centro de referência. 

Ela lembra, ainda, que o atendimento aos pacientes com anemia falciforme é garantido por uma equipe multidisciplinar formada por clínico geral, hematologista, nutricionista, neurologista, assistente social, enfermeiros, psicólogo, técnicos de enfermagem, entre outros profissionais.