A
equipe do JN no Ar voou nesta segunda-feira (19/09) para Porto Seguro, no sul
da Bahia, para investigar uma disputa de terras que mobiliza índios, produtores
e assentados.
O
clima no extremo sul da Bahia é de apreensão. De um lado, os índios pataxós, da
aldeia Barra Velha, pressionam pela ampliação das terras. Do outro, produtores
rurais e até assentados da reforma agrária protestam contra o projeto de
ampliação proposto pela Fundação Nacional do Índio, a Funai.
Em
abril de 2009, a Advocacia Geral da União deu parecer contrário à ampliação.
Com o apoio da Rede Bahia, afiliada da Rede Globo, a equipe conversou com os
envolvidos na disputa.
Viagem
curta entre Salvador e Porto Seguro, apenas 40 minutos de voo. Ainda estava
escuro quando a equipe do JN no Ar pegou o caminho para a aldeia indígena de
Barra Velha, a 150 quilômetros. Os índios se pintaram para receber a equipe,
mas eles fazem isso com quase todos os visitantes.
Barra
Velha é a mais antiga das aldeias Pataxós. É também a maior em extensão
territorial: 8,6 mil hectares. Os índios querem multiplicar por seis vezes essa
área, para 52 mil hectares, o correspondente a quase 20% do município de Porto
Seguro.
“Aqui
na Aldeia Barra Velha, 1,8 mil índios estão cadastrados na Funai”, diz o
funcionário da Funai Marcos Alves. Os números não batem: o cacique fala em
muito mais gente.
Hoje,
eles plantam mandioca, feijão, cultivos de subsistência. A fonte de renda vem,
sobretudo, do artesanato e da pesca. A área que os índios querem ocupar inclui
o Parque Nacional do Monte Pascoal, um dos últimos trechos preservados de Mata
Atlântica na Bahia. Ao todo, 110 propriedades rurais também seriam incorporadas
ao território pataxó.
Os
produtores rurais ocupam 27 mil hectares, pouco mais da metade da área que,
segundo o projeto de ampliação da Funai, seriam terras indígenas da Barra
Velha. E nessas terras, há fazendas de pecuário e de produção de frutas, como a
banana, por exemplo.
São
25 mil toneladas de frutas por mês. Cacau, mamão e café também são plantados
nas fazendas. Boa parte das terras foi irrigada e, segundo os produtores, a
população da área chega a quatro mil pessoas, incluindo os empregados das fazendas.
Um
agricultor mostra o título de propriedade das terras que ocupa, concedido pelo
Governo da Bahia em 1982. Ele diz que os outros produtores da região também têm
documentos de posse e se queixa que, no levantamento feito pela Funai para a
demarcação da área, não houve identificação das fazendas e suas benfeitorias.
“Isso dificulta a defesa dos produtores rurais”, apontou o produtor rural
Lindomar Lembrance.
O coordenador regional da Funai, Francisco Paes, diz que o processo ainda não foi concluído. Os produtores também se queixam de invasões promovidas pelos índios. Dona Maria, que criava gado em 150 hectares, não pode voltar para suas terras. As terras dela viraram uma aldeia indígena.
O coordenador regional da Funai, Francisco Paes, diz que o processo ainda não foi concluído. Os produtores também se queixam de invasões promovidas pelos índios. Dona Maria, que criava gado em 150 hectares, não pode voltar para suas terras. As terras dela viraram uma aldeia indígena.
O
litígio provocou uma aliança rara nas disputas por terras. No sul da Bahia,
assentados da reforma agrária e fazendeiros estão do mesmo lado. Terras de
assentamentos também estariam incluídas na área da reserva indígena. Em meio ao
impasse sobre a questão indígena, a tensão aumenta dia a dia. E cada um cava
sua trincheira na terra do descobrimento.
A
Advocacia Geral da União disse nesta terça que, diante de novas informações
apresentadas pela Funai, pelo Instituto Chico Mendes e o Incra, vai retomar a
avaliação do levantamento técnico feito na região.
Informações do G1
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