"Fluminense bravo touro pioneiro...", o hino nasceu em 1963, com a conquista do título de campeão baiano, e seu emocionado autor foi Moreira Junior
Há 50 anos radicado na capital de São Paulo, o feirense Moreira Junior (Antônio Moreira Junior), autor e intérprete do Hino do Fluminense de Feira, até hoje vive a emoção de ver o tricolor campeão baiano de 1963 ao derrotar, no antigo estádio da Fonte Nova, o “imbatível” Bahia por 2 x 1. Craque de bola, mas preferindo o caminho da música, ele rabiscou rapidamente o “Fluminense bravo touro pioneiro, alegria da torcida tricolor/no gramado tu és sempre o primeiro...”.
No dia seguinte, estava nos estúdios da Rádio Sociedade de Feira, com o tecladista Zé Trindade e o baterista Arlindo, para gravar o hino. O técnico de som foi Julinho (Júlio Soares). Tudo foi feito rapidamente, do gravador de rolo passando para o acetato, com a habilidade de Julinho, e a empolgada torcida feirense pôde ouvir, através da Sociedade, o hino que continua embalando os corações tricolores esperançosos de outras conquistas marcantes.
Moreira Junior começou muito cedo na antiga Rádio Cultura, na Rua Geminiano Costa. Aos domingos, tinha o programa de calouros apresentado por Dourival Oliveira, e lá estava ele, no meio de tantos adultos, um garoto espigado, elegante, parecendo “gente grande” para cantar músicas de Nelson Gonçalves e Orlando Dias. Parecia ousadia ou muita pretensão do guri, mas quando o conjunto regional, com Edinho (cavaquinho), Oscar (bateria) e Manoelzinho (violão), fez a introdução, ele entrou afinado e seguro, ganhando de Dourival Oliveira o cognome de Menino Moço. Tinha só 15 anos.
No domingo seguinte, repetiu a dose e foi contratado para o cast da Cultura, que tinha gente famosa como Raimundo Lopes, “o cantor galã”, Ivanito Rocha, Antonieta Correia e Léo Ramos. Os horizontes foram se alargando e Moreira foi contratado pelo Feira Tênis Clube para cantar nas suas matinais aos domingos. Era uma época palpitante, com bailes nos clubes sociais, a principal diversão dos jovens.
Moreira lembra músicos como Pedro (sax), Gelivar (violão), Ocar (bateria), maestro Miro (piston), Nicolau (bateria), Silvio (violão e guitarra), Caixinha (bateria): “tínhamos muitos músicos de qualidade, alguns não lembro agora, me perdoem”. Cita ainda o conjunto Lindinho e Seus Boys, que era de Salvador, mas aos domingos tocava nesta cidade. Depois do Hino do Fluminense em 1963, Moreira continuou fazendo sucesso, ganhando na TV Itapoã o I Festival de Samba da Bahia em 1973, interpretando “Cheguei Tarde”, de Tião Motorista, depois gravado por Jair Rodrigues e Alcione.
Mas a primeira gravação desse samba foi feita por Moreira pelo selo JS Gravadora, e o troféu ganho, uma guitarra de jacarandá, está na sua recheada galeria. Ele também venceu o Festival Norte/Nordeste de Teatro 1973/1974, interpretando “Primeiro Lucas”, de José Malta, da peça teatral de Franklin Machado sobre a vida de Lucas da Feira, quando também fez uma ponta como ator. Em 1975, Moreira Junior, ainda artisticamente Antônio Moreira, entendeu que era hora de voar mais alto. Em São Paulo, começou bem com shows em O Beco, a casa noturna mais famosa existente.
Elegante no porte e no trajar, fazendo música com responsabilidade, logo ganhou a simpatia do público e fez muitas amizades no meio artístico, o que não é fácil para quem chega. Com o “Samba Crioulo”, ganhou o Festival de Samba na Tv Tupi e se apresentou muitas vezes no programa Almoço com as Estrelas, de Bolinha. Gravou vários discos e resolveu ir adiante, estudando música no Instituto de Fundação das Artes em São Caetano. Hoje, tem formação de maestro e toca vários instrumentos.
Na década de 1980, inaugurou a Tríade Produções, em Cambuci, na capital paulista, onde recebe vários artistas para fazer arranjos e gravações. Os shows hoje são em menor número, mas continua em plena atividade. Não esquece a família, os amigos e o Fluminense, tanto que faz planos para, em dezembro, visitar sua cidade.
Por: Zadir Marques Porto
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