A boneca Emília, personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo, é a mais vendida
Mudar o curso de um rio não é fácil, mas às vezes ocorre, no entanto por causas naturais é um tanto difícil. Na vida também é assim. Casada com o pastor evangélico Adalberto Nery, Evanilda da Conceição Sales Correia, mais conhecida como Idy, dedicou-se a missão de dona de casa, com três filhos para criar, mas como a palavra ociosidade nunca esteve presente no seu dicionário de vida decidiu ocupar os momentos sem maiores tarefas para costurar, fazer fuxico (uma espécie de tapete de retalhos) e tricotear. Foi aí que surgiu a ideia de confeccionar pesos de porta. O primeiro não demorou: um sofá, tendo com base uma caixa de leite, daí vieram gato, tartaruga, galinha e outros animais.
Mas de olho no Youtube ela tentou uma boneca de pano e deu certo. Com o entusiasmo acentuado não parou mais e lá se vão 15 anos fazendo bonecas de pano, o que veio preencher mais a sua vida depois do falecimento do marido, ocorrido há seis anos. Tecidos, linhas, tesoura, outros pequenos adereços e a máquina industrial, são uma espécie de passatempo ou terapia. As bonecas vão saindo e o tempo passando.
Com o box C7 J Gil Variedades no Mercado de Arte Popular (MAP), Idy está feliz como artesã e comerciante. Não que a atividade seja capaz de torná-la rica, até porque não é isso que procura. Fica feliz sim cada vez que vê uma criança feliz. Em exposição no box uma diversidade de bonecas de pano, de três tipos ou tamanhos, de 25/30 centímetros, de 65 e de 110 centímetros de altura.
Há bonecas conhecidas como Emília, Chapeuzinho Vermelho e outras personagens de histórias e de filmes, como também as que ela cria com muita imaginação. A Emília, personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo, estória do escritor paulista Monteiro Lobato (1882/1948), que atravessa décadas encantando crianças é a mais vendida, garante a artesã, mas há outras que chamam atenção das meninas e muitas vezes das mamães também.
Como para quem sabe fazer, tudo parece fácil, assim para Idy fazer uma boneca de pano, gasta de uma a cinco horas a depender do tamanho e de detalhes, como o vestido, principalmente. O material usado é resumido em: popeline (tecido), cardata ou PP (malha), papelão, linhas, lã e tinta. Tendo esse material é só preparar o molde (modelo) e entrar em ação.
Nesses 15 anos de artesanato tem trabalhado só, mas ultimamente quando a neta Maria Laura, de 13 anos, vem de Salvador procura sempre lhe ajudar. “É ótimo, ela demonstra interesse e é habilidosa”. Maria Flor, a segunda neta de três anos, ainda é muito pequena. Idy também faz pintura em pano e vidro e outras atividades artesanais, mas estão em primeiro lugar as bonecas de pano.
Por: Zadir Marques Porto
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