Foi preciso esperar a saída de 42 imagens de santos vindos de várias partes da cidade e do município. Mas a espera é recompensada com um espetáculo de fé. É emocionante ver a imagem de Senhora Santana sair para a procissão em sua homenagem. O evento acontece desde 1.732, mas as demonstrações de confiança passada pelos fieis é algo divino. Na tarde de domingo, 26, mais de 150 mil católicos, segundo observadores, a reverenciaram ao caminhar por ruas centrais da cidade.
Por ela o sino dobra e fogos são queimados. O trecho da caminhada é relativamente curto – da volta na praça Padre Ovídio, sobe pela rua Mário Pessoa, entra na avenida Senhor dos Passos, volta pelas praças J. Pedreira e da Bandeira e entra pela rua Conselheiro Franco, de onde se pode ser a majestosa Catedral Metropolitana. A multidão reduz a marcha. Minutos são transformados em horas.
E as demonstrações de fé são vistas ao longo da procissão. Não são poucas as pessoas que fazem o percurso com os pés descalços. De tão emocionada, uma senhora precisou ser amparada por uma jovem, que estava com as suas sandálias nas mãos. Estava em estão de fé e os pés no chão foi a maneira de agradecer a graça alcançada. Nayara Damasceno mancava, mas suportou a dor e acompanhou a procissão em todo o seu percurso. Pediu a Senhora Santana que ajudasse na recuperação de um acidente. “Estou bem melhor e vou ficar boa. Tenho fé”.
Outros teem como penitência levar o andor. O agricultor José Paulo Nunes, da Matinha, disse que há anos carrega nos seus ombros a imagem de São Benedito. “É uma coisa que me da satisfação e volto para casa mais contente, feliz da vida”. A mesma disposição tem dona Leocádia Conceição, que só larga o andor de Santa Rita de Cássia, sua santa de devoção, quando não mais agüenta. “Por ela faço qualquer sacrifício”.
Para os devotos, carregar Senhora Santana é uma bênção. Ao longo do percurso os fieis disputam um lugar perto, pelo menos, do andor. Tocá-lo firmemente, então, é a glória. Mas chegar bem próximo da imagem, ao longo da procissão, não é missão das mais fáceis. Muitos tem o mesmo desejo. Outra disputa acirrada é pegar rosas do andor da santa. Os devotos de Senhora Santana que conseguem o exibem como troféus religiosos, que são guardados com a utilização de técnicas para que não murchem rapidamente.
Liderado um grupo de fieis, o prefeito José Ronaldo de Carvalho, que participou da procissão, como faz há anos, disse que a fé dos feirenses em Senhora Santana deixa a todos maravilhados. “A gente percebe que as pessoas acreditam, confiam na santa e recorrem a Ela nos momentos que consideram difíceis. Pela participação, acredito que são atendidos”.
Para o arcebispo metropolitano, dom Itamar Vian, a participação na procissão é uma mostra de que a fé católica vem crescendo, principalmente com a participação dos jovens. “É a Igreja se renovando. Nunca vi, nestes últimos 20 anos, uma procissão com tantos fieis. Isso é muito bom para todos”.
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