Nos
oito primeiros meses deste ano, a Secretaria de Saúde de Feira de Santana, a
100 km de Salvador, registrou 87 notificações de suspeitas, sendo 47
confirmações de casos de coqueluche na cidade. No mesmo período do ano passado,
foram registradas oito notificações e nenhuma confirmação da doença.
Apesar
de admitir que o número de casos configura um surto na cidade, a prefeitura,
por meio da Divisão de Vigilância Epidemiológica (Viep), diz estar preparada
para conter a doença. De acordo com Janice Estrela, chefe da Vigilância, os
agentes de saúde da família e os médicos estão sendo capacitados para conter o
avanço do problema.
A
médica explica que a Secretaria de Saúde detectou que a cadeia de transmissão
está nos adultos, que geralmente já foram vacinados, e quando contraem a doença
não sofrem os sintomas, mas transmitem para sistemas imunológicos mais frágeis,
como é o caso das crianças. Ainda de acordo com a secretária, não foi
registrado nenhum caso grave e todos os pacientes receberam o tratamento
adequado. Ninguém morreu em decorrência da doença.
Janice
Estrela esclarece que diferente das epidemias, que são caracterizadas quando
uma doença infecciosa é rapidamente disseminada a um grande número de pessoas,
o surto acontece quando há um aumento considerável do número de casos esperados
em um determinado local, como é o caso de Feira de Santana.
Tratamento
O
tratamento da coqueluche consiste no uso de antibióticos prescritos por
infectologistas. Com relação à prevenção, a secretária esclarece que as vacinas
contra a doença fazem parte da campanha de imunização do Governo Federal e
salienta que deve ser administrada em três doses, aos dois, quatro e seis meses
de vida da criança, com dois reforços, aos quinze meses e entre os cinco e seis
anos de idade. A imunização dura aproximadamente 10 anos.
A
Secretaria de Saúde de Feira de Santana nega que haja problemas no cronograma
de vacinação da cidade, mas salienta a importância das campanhas e pede aos
moradores que atentem para as datas nos cartões de vacinação. “É importante que
a população compreenda que as vacinas contra a tríplice viral, contra a
difteria, o tétano e a coqueluche, só funcionam quando administradas exatamente
como o programa de saúde determina, com todas as doses e reforços tomados nas
datas corretas", pontua a secretária.
A
doença
O
infectologista Antônio Bandeira explica que a coqueluche é uma doença causada
pelas bactérias Bordetella
pertussis e Bordetella
parapertussis, que atingem o sistema respiratório. A doença afeta
principalmente as crianças de até dois anos e é disseminada por meio de
gotículas de saliva. No organismo, as bactérias lesam os tecidos da mucosa e
seu período de infecção varia entre cinco e 21 dias.
"A
doença se divide em dois estágios. No primeiro deles, os principais sintomas
são tosses, coriza, febre e irritação nos olhos. No segundo estágio, que se
desenvolve cerca de duas semanas após o primeiro, as crises de tosses são
sucessivas, algo como uma espécie de bronquite, com ocorrência de muco e há a
possibilidade de vômito", explica o especialista.
Dados
da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que em 2010 houve um aumento
significativo dos casos de coqueluche no Brasil. Ainda de acordo com a
organização, de 2006 a 2008, os casos triplicaram no país. Falta de atenção às
campanhas de vacinação estão entre os motivos apontados pela OMS.
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