Para compensar os efeitos da queda do dólar, que
oscila ao redor de R$ 1,55 nos últimos dias, a menor cotação dos últimos doze
anos, o governo federal anuncia nesta terça-feira (2), em cerimônia no Palácio
do Planalto, a nova política industrial, que deve se chamar "Brasil
Maior", para aumentar a competitividade das empresas brasileiras, que vêm
perdendo mercado no exterior e, também, no Brasil para os produtos importados.
O novo pacote de "bondades" deverá conter
medidas de desoneração (redução de tributos), simplificação de procedimentos no
comércio exterior e recuperação mais rápida de créditos, além de linhas de
crédito para o setor produtivo.
O anúncio de uma nova política de estímulo à
competitividade das empresas acontecerá sem que a espinha dorsal do pacote anterior,
anunciado em maio do ano passado, tenha saído do papel. Também não
deverá ser anunciada hoje a desoneração da folha de pagamentos, que vem sendo
pedida pelas empresas brasileiras para diminuir os custos de contratação.
Básicos 'seguram' saldo comercial
Dados do governo mostram que o superávit da balança
comercial (exportações menos importações) cresceu 74,4% de janeiro a julho
deste ano, para US$ 16,1 bilhões, principalmente por conta do crescimento das vendas externas
de produtos básicos.
Esse resultado está relacionado com a elevação dos
preços das chamadas "commodities" (produtos básicos com cotação
internacional, como alimentos, petróleo e minério de ferro, entre outros) no
mercado externo. Com o preço em alta, as vendas externas se tornam mais
rentáveis - o que aumenta o valor das exportações.
Segundo análise do Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi), seria inevitável a elevação relativa dos
bens primários por conta do aumento dos preços das "commodities"
neste ano. Entretanto, o Instituto acrescenta que é necessário que o Brasil
preserve uma "relevante diversificação exportadora, resista à tentação de
deixar-se levar para a especialização de sua economia em algumas commodities e
desenvolva um "programa de reindustrialização".
Efeitos do dólar baixo
Levantamento da CNI mostra que, por conta do dólar
baixo, 48% das empresas exportadoras perderam participação no
mercado externo em 2010, ou deixaram de exportar no ano passado.
"Diante de um novo cenário, no qual a moeda brasileira torna-se cada vez
mais forte, ganhos de competitividade são fundamentais para a sustentação das
exportações (...) É preciso retirar os entraves à competitividade industrial",
avaliou a CNI.
Para o economista da CNI, Flavio Castelo Branco, a
expectativa do setor produtivo sobre pacote de estímulo à competitividade das
empresas brasileiras é grande. "Participamos da discussão, mas quem
elabora a política é o governo. Estamos com a expectativa de que parte das
adversidades, de tributação sobre investimento, encargos sobre mão de obra,
custo de capital e acesso a recursos, além da questão de logística, que faz com
que o custo de colocação do produto brasileiro no exterior seja maior, sejam
contemplados no pacote", disse ele.
A secretária de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, informou nesta segunda-feira (1) que haverá
medidas, no pacote de estímulo à competitividade, voltadas a fortalecer a indústria
brasileira. "Vai de encontro ao interesse de agregar valor à pauta
exportadora brasileira", confirmou ela.
Medidas já confirmadas
No começo de junho, o Ministério do Desenvolvimento
confirmou que já haviam sido fechadas quatro medidas da nova política
industrial. Uma das medidas confirmadas é a recuperação imediata do PIS e da
Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) pagos por quem
compra máquinas e equipamentos destinados à produção. Atualmente, o prazo para
recuperar o crédito é de 12 meses.
Outra medida do governo visa acelerar a depreciação
das máquinas e equipamentos. Na prática, permite que as empresas declararem o
valor pago como despesa, diminuindo, assim, o lucro e o pagamento de tributos.
Pelo formato atual, o prazo é de cinco anos e vai ser reduzido para 12 meses.
O Ministério do Desenvolvimento também confirmou,
no mês passado, que vai zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
pago na compra de computadores, caminhões ou outros itens, desde que estes
sejam como equipamentos pelas empresas. Também será criado o "drawback
investimento" - que vai permitir aos fabricantes de máquinas comprarem
insumos sem pagar PIS e Cofins.
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