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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Fantástico percorre hospitais do Brasil e encontra problemas no HGCA

HGCA
 O Fantástico deste domingo mostrou o resultado de um estudo inédito para entender o que há de errado na saúde brasileira. Pela primeira vez, o Tribunal de Contas da União examinou a qualidade do atendimento em 116 hospitais públicos, os mais procurados pela população em todo o país. O resultado é assustador.

Os repórteres do Fantástico foram aos hospitais para conferir o resultado de um relatório recente do Tribunal de Contas da União sobre a saúde brasileira e confirmaram: falta quase tudo na rede pública e sobra desorganização.
 
Em 85% dos hospitais visitados pelo TCU, os administradores disseram que a estrutura física das unidades não era adequada. E em 77% dos hospitais falta algum tipo de equipamento. Em 23%, eles não foram instalados e muitas vezes ficam encaixotados no corredor, como no hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana, na Bahia. O tomógrafo, usado para examinar o cérebro, não funciona.
No Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, encontramos Dona Alaíde, de 62 anos. Ela tinha no cérebro dois aneurismas - que é quando um vaso sanguíneo incha muito. Ele pode estourar e provocar uma hemorragia. Um deles já tinha se rompido e ela quase não conseguia falar.
 
O caso é muito grave.  No relatório médico, do dia 22 de abril, o médico alerta para o risco de morte. Duas semanas depois, repete o aviso, desta vez em letras garrafais. Dona Alaíde pode morrer. A esperança é uma cirurgia. A filha conseguiu na Justiça uma decisão liminar que obriga o hospital a realizar o tratamento.
 
“Entramos com a liminar, no centro de regulação já foi liberado, mas no Hospital Geral, o Estado não está pagando, então é uma situação muito difícil”, disse a filha Elaine.
 
Esta é uma situação comum em Cuiabá e em vários outros pontos do Brasil. Muitos pacientes só conseguem tratamentos por força de liminares, mas nem todos. Mesmo com uma decisão judicial na mão, essa mulher não conseguiu uma cirurgia para a mãe, que está com uma veia entupida na perna.
“Ela pode perder a perna. Tem vezes que ela toma até três morfinas por noite. E o médico falou que é perigoso tomar muita morfina e o coração não aguentar”, contou Perpétua Socorro, filha de dona Aparecida.
 
“Essa liminar foi dada dia 22 que o juiz determinou fazer a cirurgia, de abril. Está até aqui, está citando que o Estado tá pagando R$ 20 mil de multa ao dia e não foi cumprido, a liminar, e a minha mãe está nessa situação”, destaca a filha. 
 
Segundo o relatório do Tribunal de Contas da União, encontrar a emergência lotada se tornou comum, no Brasil.  Até no Distrito Federalque tem o maior número de médicos por habitantes do país.
 
UTI sem médicos
 
Um médico que preferiu não se identificar faz uma revelação assustadora. A UTI do maior hospital de Cuiabá chega a funcionar sem médicos. Vamos repetir: uma unidade de tratamento intensivo funciona sem médicos. “São vários plantões em que não há medico na UTI. É como estar num avião sem piloto”, disse.
 
A Prefeitura de Cuiabá nega a acusação, mas o repórter Eduardo Faustini teve acesso a oito comunicados internos, dos últimos três meses, avisando a direção do hospital sobre períodos em que a UTI ficou sem médico algum.
 
“Não foram nem um nem dois casos de pacientes que poderiam ter saídos vivos das UTIs do pronto-socorro e não saíram. Saíram mortos. Porque eles não tiveram o cuidado adequado. Isso acontece frequentemente”, conta.
 
O médico diz que recebe orientações do hospital para mentir sobre a hora da morte do paciente. “A família vai chegar na hora da visita, 'o Sr. diz que morreu um pouquinho mais tarde pra família não desconfiar que morreu num plantão sem médico'. Eu não mudo o horário do óbito porque isso ultrapassaria a minha capacidade de ser conivente com essa situação dentro do pronto-socorro”, confessa.
 
Falta equipamentos no maior hospital de Salvador
 
Um paciente, em estado grave, no maior hospital de Salvador, aguarda há mais de um mês a marcação de um exame na cabeça.
 
Fantástico: E qual exame ele tá precisando?
Homem: Ressonância magnética
Fantástico: Ele tem o quê?
Mulher: Hemorragia cerebral.
“Olha, um paciente que teve um sangramento, uma suspeita de sangramento cerebral, que em qualquer lugar do mundo seria um paciente abordado de imediato porque se for um aneurisma, por exemplo, e ele romper, o paciente morre”, conta o médico Djalma Duarte.
 
Fantástico: E por que não é feito isso?
Djalma Duarte: Porque não tem o aparelho. O aparelho não existe lá.
Fantástico: No maior hospital de Salvador não tem uma ressonância?
Djalma Duarte: Não, na maior emergência da Bahia não tem esse.
 
Em 85% dos hospitais visitados pelo TCU, os administradores disseram que a estrutura física das unidades não era adequada. E em 77% dos hospitais falta algum tipo de equipamento. Em 23%, eles não foram instalados e muitas vezes ficam encaixotados no corredor, como no hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana, na Bahia. O tomógrafo, usado para examinar o cérebro, não funciona.
O tomógrafo novo já chegou, mas está em uma caixa, no canto de um corredor.
Funcionário: O outro está na caixa pra ser instalado, mas precisa de uma sala mais ampla. É um aparelho maispotente, maior.
Fantástico: Tem cinco meses que chegou?
 
Funcionário: Já deve ter.
A secretaria estadual de saúde da Bahia diz que começou o processo de licitação da sala, mas ainda não tem previsão de quando o aparelho novo vai começar a funcionar.
 
Informações e fotos do g1

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